
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, procurou nesta quarta-feira (26) o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para discutir as prioridades do governo na Casa até o fim do ano. O encontro ocorreu durante um período de tensão entre o comando da Câmara e o Palácio do Planalto. “Foi uma reunião que eles pediram para tratar da pauta de interesse do governo”, disse o deputado ao jornal O Globo.
Entre os pontos considerados essenciais pelo governo está a aprovação do orçamento, que precisa ser votado até dezembro para garantir o fluxo regular das emendas parlamentares. Também integra a lista de prioridades um projeto que amplia a tributação sobre bets e fintechs, medida tratada como relevante para a meta fiscal. A PEC da Segurança, que reforça atribuições da União na área, segue no radar.
No momento em que tenta avançar com essas pautas, o governo enfrenta um novo entrave após Hugo Motta anunciar o rompimento político com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). A relação já registrava desgastes recentes, como os debates em torno do PL Antifacção, cuja relatoria foi entregue por Motta à oposição.

Segundo interlocutores do presidente da Câmara, Motta avalia que Lindbergh não cumpre acordos de votação e atribui à Mesa responsabilidades que, na avaliação do deputado, deveriam ser conduzidas pela articulação do governo. O rompimento foi confirmado por Motta em entrevista à Folha de S.Paulo, na qual disse não ter interesse em manter relação com o líder petista.
Lindbergh respondeu pelas redes sociais e afirmou que eventuais problemas de confiança entre o governo e o presidente da Câmara se relacionam às escolhas políticas feitas por Motta. O deputado classificou a postura do presidente da Câmara como “imatura” e declarou que suas posições são transparentes e previsíveis. Em seguida, citou episódios como votações sobre IOF, PEC da Blindagem e a escolha de Guilherme Derrite como relator de um projeto do Executivo.
Antes de o conflito vir a público, Motta já havia usado as redes sociais para defender o PL Antifacção e responder a críticas do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao texto aprovado pela Câmara. A manifestação coincidiu com o esforço do governo para alterar, no Senado, dispositivos considerados sensíveis.