
O golpe articulado por Tarcísio de Freitas (Republicanos) para livrar Jair Bolsonaro (PL) da prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) começou a ganhar corpo nesta terça-feira (2), dia em que o julgamento do ex-presidente teve início. Ao lado de Arthur Lira (PP-AL), o governador de São Paulo reagrupou deputados do Centrão e aumentou a pressão sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que já admite discutir a pauta da anistia, conforme informações do Globo.
Sob orientação de Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar, Tarcísio e Lira acionaram suas bases no Congresso para forçar Motta a recuar da resistência que vinha impondo. Até então, ele se negava a pautar o projeto por falta de consenso entre os líderes, mas reconheceu o avanço da articulação.
“Os líderes estão cobrando, estamos avaliando e temos que conversar mais. Aumentou o número de líderes pedindo”, disse Motta após reunião com parlamentares.
A pressão cresceu após Tarcísio se colocar como fiador da proposta dentro do Centrão. Ele conversou por telefone com Motta na segunda-feira (1º) e ouviu do presidente da Câmara que uma anistia ampla não teria condições de ser aprovada, embora tenha deixado aberta a possibilidade de debater o tema.
Apesar de descartar a votação ainda nesta semana, Motta afirmou que a proposta deve voltar a ser discutida já na próxima semana, o que elevou a expectativa sobre a tramitação.
O movimento ganhou ainda mais força quando Ciro Nogueira (PP) e Antônio Rueda (União Brasil) anunciaram a saída do governo Lula e deram prazo para seus ministros entregarem os cargos. Os dois presidentes partidários também declararam adesão à anistia, ampliando a pressão sobre o Congresso.
🚨URGENTE – União Brasil e PP acabam de anunciar a saída do governo Lula e afirmam que todos os membros do partido devem renunciar os cargos no governo
“Essa decisão representa um gesto de clareza e de coerência! É isso que o povo brasileiro exige dos seus representantes” pic.twitter.com/B0lqBCXoIK
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) September 2, 2025
Conversa com Lindbergh Farias
A reação veio do PT. O líder da sigla na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), foi chamado por Motta para uma conversa de emergência. Depois do encontro, divulgou um vídeo denunciando a manobra.
“Olha, eu estou gravando esse vídeo para fazer uma denúncia para você, para falar sobre um golpe que está sendo arquitetado aqui no parlamento”, disse Lindbergh. Para ele, o movimento acontece justamente “no momento em que todo o Brasil tem a expectativa de condenação e prisão de Jair Bolsonaro”.
O petista citou pesquisas de opinião e afirmou que a maioria da população rejeita a anistia. “As pesquisas mostram, existe uma grande maioria contra anistia, nós não vamos aceitar isso. Se o Congresso decidir ficar contra o povo, se depois da condenação do Bolsonaro, eles optarem por esse caminho, um caminho vergonhoso de ficar contra a Constituição para anular tudo, nós vamos mostrar as nossas forças nas ruas, nas redes, defendendo o Brasil e a nossa democracia”, declarou.
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Enquanto a Câmara avalia a possibilidade de votar a anistia, Bolsonaro segue inelegível por ataques às urnas eletrônicas e enfrenta julgamento no STF pela tentativa de golpe de Estado. Para seus aliados, a aprovação do projeto seria a única forma de evitar a prisão do ex-presidente e reverter a perda de seus direitos políticos.
Tarcísio tenta capitalizar o movimento em torno da anistia para fortalecer sua posição no grupo bolsonarista. Ele já declarou publicamente que, caso eleito presidente, concederá um indulto a Bolsonaro como “primeiro ato” de governo. A promessa veio após críticas de Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, que cobraram maior firmeza nas articulações políticas em defesa do pai.