Mourão ignora assassinatos de Bruno e Dom e degusta vinhos no RS. Por Jeferson Miola

Atualizado em 17 de junho de 2022 às 15:07
Mourão ignorou as mortes de Dom e Bruno

O general vice-presidente Hamilton Mourão preside o Conselho Nacional da Amazônia, órgão responsável por políticas, estratégias e ações do governo federal naquela região.

Apesar desta atribuição legal, no entanto, ele tomou enorme distância do local em que deveria estar, o Vale do Javari, onde Bruno Pereira e Dom Philips foram barbaramente assassinados, em consequência das políticas do governo militar do qual ele é vice-presidente.

Mourão viajou para o extremo-oposto geográfico de onde deveria estar. O general está no Rio Grande do Sul [RS], mais de 3.479 km longe do local onde, por obrigação legal, ele de fato deveria estar. Desde o final do dia 15/6, véspera do feriadão de Corpus Christi, ele promove atividades da sua campanha eleitoral para o Senado.

Nesta excursão eleitoral bancada com dinheiro público, avião da FAB e diárias de viagem para ele e auxiliares, Mourão aproveita para visitar feiras agropecuárias, festas religiosas, fazer encontros com correligionários, conceder entrevistas em rádios e TV regionais e dar palestras como uma estrela de eventos festivos.

Imediatamente após se filiar ao Republicanos para concorrer ao Senado, em 16 de março passado, o general visitou o Estado do RS 12 vezes em apenas 20 dias úteis. Sempre, evidentemente, com agendas sociais, festivas, eventos militares, formaturas, aniversários.

O portal Metropoles realizou levantamento no qual demonstra que as idas do general ao RS dispararam desde que ele anunciou a candidatura ao Senado. Somente de janeiro a junho deste ano, Mourão já visitou mais municípios gaúchos que nos três anos e meio de governo.

A imprensa estadual, ao invés de chamar o vice-presidente à responsabilidade diante do descalabro do país neste momento, promove uma cobertura glamourosa e bajuladora das agendas do general no feriadão, como se observa nas legendas das muitas fotografias de eventos registradas em duas reportagens [aqui e aqui] do grupo RBS/Globo:

Sobre os assassinatos de Bruno e Dom, o general comentou: “Enfrentamos, agora, essa questão da morte do indigenista Bruno Pereira e mais do repórter inglês transformada em um caso que parece que o Brasil não tem soberania. […] Vamos analisar isso sem querer colocar a conta em cima do nosso governo, em particular do presidente Bolsonaro”.

Além da notória ilegalidade da campanha eleitoral antecipada e, além disso, bancada com dinheiro público, esta excursão eleitoral do general Mourão revela o profundo desprezo e indiferença do governo militar com os bárbaros assassinatos do indigenista brasileiro e do jornalista inglês.

É um contraste e tanto com a profunda dor, tristeza, comoção e clamor internacional e do mundo civilizado, que espera respostas oficiais convincentes e esclarecimentos sobre os mandantes e responsáveis por mais esta barbárie.

Publicado originalmente no blog do Jeferson Miola

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