MP aponta tiro à queima-roupa e decapitação no massacre do Rio

Atualizado em 12 de novembro de 2025 às 23:56
Corpos em sacos no pátio do IML após megaoperação da polícia no Rio. Foto: Reuters/Janaina Quinet

O Ministério Público do Rio de Janeiro informou que identificou indícios de mortes com características fora do padrão de confronto entre os 121 corpos resultantes da megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no dia (28). Um relatório técnico da DEDIT/CI2, obtido pela TV Globo, registrou dois casos considerados atípicos: um com marcas de tiro à curta distância e outro com sinais de decapitação.

Segundo o documento, técnicos do órgão acompanharam as necropsias no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto entre os dias (28) e (30). Todos os mortos eram homens entre 20 e 30 anos e apresentavam ferimentos compatíveis com munição de alta energia, usualmente associada ao uso de fuzis. O relatório mencionou que as lesões desses dois corpos destoavam das demais constatadas na triagem.

O texto destacou que “um corpo apresentava lesões com características de disparo de arma de fogo à curta distância”, enquanto outro tinha lesão causada por arma de fogo à distância e, adicionalmente, um ferimento compatível com decapitação por instrumento cortante ou corto-contundente. A promotoria recomendou análise detalhada das câmeras corporais usadas pelos agentes que participaram da Operação Contenção.

Fila de corpos estendidos em praça no Complexo da Penha, no Rio. Foto: Reuters/Ricardo Moraes

A equipe técnica informou ter acompanhado todos os 121 exames de necropsia, com 378 varreduras e escaneamentos digitais. As documentações buscaram verificar lesões que não correspondessem ao contexto de confronto armado. A maioria dos corpos estava com roupas camufladas, botas e coletes, além de celulares, drogas e munições nos bolsos.

Tatuagens associadas a grupos criminosos foram encontradas em vários corpos. Mesmo assim, o relatório afirmou que os achados referentes ao tiro à curta distância e à decapitação destoavam do conjunto das demais lesões registradas. O MPRJ aguarda a conclusão dos laudos oficiais para cruzar as informações com cada vítima.

A Operação Contenção mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar e resultou em 121 mortos, incluindo quatro policiais, além de 113 presos e 93 fuzis apreendidos. Segundo o governo estadual, a ação tinha como objetivo atingir estruturas do Comando Vermelho. A ofensiva gerou bloqueios em vias expressas e paralisação de serviços em várias áreas da cidade. O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, declarou que “a operação foi necessária, planejada e vai continuar”.