
A jornalista brasileira Stefani Costa, correspondente do portal Ópera Mundi em Portugal, denunciou novas ameaças de morte recebidas pelas redes sociais. O caso ocorre apenas três dias após a prisão do português João Paulo Silva Oliveira, que havia oferecido 500 euros por cada brasileiro decapitado no país.
Embora já solto, a prisão dele expôs a escalada de discursos de ódio contra imigrantes. Agora, outro extremista, identificado como Bruno Silva, prometeu recompensas milionárias para quem matar brasileiros, incluindo um valor adicional para quem entregar a cabeça da repórter.
As mensagens publicadas por Bruno Silva chegaram a oferecer um apartamento em Lisboa, avaliado em 300 mil euros, a quem promovesse um massacre com pelo menos 100 vítimas brasileiras.
Ele ainda incluiu um bônus de 100 mil euros para quem executasse a jornalista. Stefani afirma que não é a primeira vez que sofre ameaças do mesmo indivíduo. Em junho de 2023, ele já havia enviado a ela uma foto exibindo armas que dizia usar para matá-la.
Detienen a un portugués que ofreció 500 euros "por la cabeza" de brasileños en su país
La periodista Stefani Costa relata la indignación en la comunidad brasileña.
La periodista Stefani Costa, afirma que, en cuanto "los brasileños empezaron a ver el video y se volvió viral,… pic.twitter.com/jQrye5mptQ— DW Español (@dw_espanol) September 11, 2025
A repórter registrou denúncia junto ao Ministério Público português, que abriu um inquérito em segredo de Justiça. “Já prestei vários depoimentos, mas o caso está andando bem devagar”, declarou.
A Polícia Judiciária acompanha as investigações, mas enfrenta dificuldades em identificar responsáveis por perfis usados para espalhar ameaças e mensagens de ódio, já que, segundo investigadores, as plataformas digitais impõem barreiras à cooperação.
Em entrevista, Stefani afirmou que não pretende se calar diante da violência. Para ela, o episódio expõe a necessidade urgente de leis mais duras contra crimes de ódio em Portugal. “Acredito ser fundamental expor essa situação, pois ela representa também uma afronta ao exercício do jornalismo e à liberdade de imprensa”, disse.
A jornalista também cobrou ação conjunta entre os governos português e brasileiro. Segundo ela, a normalização desse tipo de ameaça fragiliza não só profissionais da imprensa, mas toda a comunidade de imigrantes.
“Contribuímos para o desenvolvimento de Portugal e fazemos parte da sociedade. Por isso, merecemos ser tratados com respeito e dignidade”, reforçou. O advogado Camillo Júnior, que representa a jornalista, afirmou que Bruno Silva seria residente em Vila Real, no Norte de Portugal.
A Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP) emitiu nota oficial repudiando as ameaças e cobrando resposta firme das autoridades. A entidade destacou que a violência contra jornalistas atinge diretamente a democracia e ressaltou que Portugal já é considerado o epicentro europeu de fake news sobre imigração, segundo dados do Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO).
Na avaliação da AIEP, o jornalismo deve ser protegido diante de ataques extremistas. “O jornalismo sério é ferramenta vital para enfrentar a onda de desinformação”, apontou a associação, defendendo que intolerância não pode ter espaço em uma sociedade democrática.