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O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) detalhou, em relatório da Megaoperação Contenção, a estrutura hierárquica do Comando Vermelho (CV), maior facção criminosa do estado. O documento descreve uma organização com funções definidas, regras internas rígidas e mecanismos de substituição imediata de líderes presos — o que, segundo os promotores, garante a continuidade das operações mesmo após grandes prisões.
De acordo com a investigação, o CV funciona como uma “empresa criminosa”, com contabilidade própria, metas de arrecadação e relatórios diários enviados à cúpula instalada no Complexo da Penha. O MPRJ identificou sete níveis de comando: chefes de guerra, gerentes de área, seguranças, soldados, vapores, radinhos e olheiros — cada um com funções específicas que vão desde a gestão financeira até o monitoramento de ações policiais.
Os chefes de guerra são responsáveis por estratégias, finanças e expansão territorial. Abaixo deles, os gerentes administram o tráfico nas comunidades e repassam lucros à cúpula. Seguranças cuidam da proteção das lideranças e do arsenal, enquanto os soldados atuam em confrontos e na defesa dos pontos de venda. Os vapores fazem a venda direta das drogas e o transporte do dinheiro, os radinhos controlam a comunicação interna, e os olheiros vigiam acessos e alertam sobre incursões policiais.

O MPRJ cita Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, como o principal líder da facção na Penha, com 26 mandados de prisão pendentes. Ele seria o responsável por coordenar invasões e controlar as finanças da facção. Também foram identificados Carlos da Costa Neves, o Gadernal, chefe de segurança de Doca e estrategista de guerra, e Washington César Braga da Silva, o Grandão ou Síndico da Penha, encarregado da logística e comunicação interna.
Outro nome citado é Juan Breno, o BMW, líder da “Equipe Sombra”, braço operacional que atuava em invasões de territórios na zona sudoeste do Rio. Essa equipe, segundo o MP, agia diretamente sob ordens do alto comando, demonstrando a amplitude e a coordenação da estrutura.
Para o Gaeco/RJ (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), o Comando Vermelho consolidou um modelo de gestão criminal com características empresariais, sustentado por planejamento, divisão de tarefas e hierarquia sólida. O relatório aponta que essa estrutura complexa dificulta o desmantelamento da facção, que mantém sua atuação mesmo após grandes operações policiais.