
O Ministério Público Federal denunciou o jornalista Breno Altman por racismo contra judeus, incitação e apologia ao crime. A denúncia foi apresentada após a Confederação Israelita do Brasil afirmar que publicações do jornalista em redes sociais tinham teor racista e antissemita. Judeu, Breno Altman tem sido um dos críticos mais duros de Israel no conflito com Gaza, classificando o Hamas como um movimento de resistência e o Estado israelense como genocida. As informações são da Folha de S.Paulo.
A Polícia Federal abriu um inquérito e concluiu que Altman não cometeu crime, apenas exerceu o direito à liberdade de expressão. Mesmo assim, o procurador Maurício Fabretti decidiu levar o caso adiante, afirmando ter identificado crimes em 15 publicações feitas entre outubro de 2023 e fevereiro de 2024. Para ele, o jornalista “abusou do exercício da liberdade de expressão” e incitou o preconceito contra judeus.
Entre as postagens citadas está uma de 12 de outubro de 2023, em que Altman escreveu: “Podemos não gostar do Hamas, discordando de suas políticas e métodos. Mas essa organização é parte decisiva da resistência palestina contra o Estado colonial de Israel. Relembrando o ditado chinês, nesse momento não importa a cor dos gatos, desde que eles cacem ratos”. A Polícia Federal não viu crime na publicação, mas Fabretti afirmou que “é inverossímil que o denunciado não tivesse a intenção, ainda que secundária, de comparar judeus, ou ao menos parte do povo judeu, a ratos”.
O procurador também destacou publicações feitas em 7 de outubro, dia dos ataques do Hamas a Israel, em que o jornalista escreveu: “Não há um conflito entre Israel e palestinos. O que existe é uma longa agressão colonial, diante da qual todas as formas de resistência são moralmente legítimas”. Para o MPF, essas postagens “revelam nítida tentativa de defesa e normalização de atos terroristas praticados pelo Hamas”, além de incitar a prática de novos crimes.
O advogado Pedro Serrano, que defende Altman, classificou a denúncia como “uma vergonha institucional” e “um ato de racismo travestido de persecução penal”. Segundo ele, “ao pretender criminalizar as críticas ao governo de Israel e a solidariedade de Breno Altman ao povo palestino, o procurador transforma o direito penal em instrumento de censura política e de repressão ideológica”.

Serrano afirmou que as críticas do jornalista se dirigem ao sionismo, e não aos judeus. “Querem confundir a crítica ao Estado com crítica ao povo e à religião. Isso é fraude. Criticar o governo de Israel não é atacar o povo judeu, mas defender a humanidade que o próprio povo judeu ajudou a ensinar ao mundo. O maior inimigo de Israel hoje é Binyamin Netanyahu e sua política genocida”, declarou.