MPF reúne Marinha e Exército para busca de jornalista e indigenista desaparecidos

Atualizado em 6 de junho de 2022 às 15:39

Indigenista da Funai e jornalista inglês desaparecem no Vale do Javari, na Amazônia - CartaCapital

Após ser alvo de ameaça o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico, Dom Phillips, do jornal The Guardian estão desaparecidos há mais de 24 horas. Por defender a região amazônica de invasores, Bruno havia sido ameaçado de morte por pescadores e garimpeiros que praticavam atividades ilegais.

Recentemente Bruno e Phillips viajavam pelo Vale do Javari, no Amazonas. Mesmo sendo membro da FUNAI e um ex-coordenador, a viagem não estava autorizada pelo órgão. Ainda sim, com o desaparecimento dos dois a Funai participa da força tarefa montada pelo governo federal.

“Cumpre esclarecer que, embora o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira integre o quadro de servidores da Funai, ele não estava na região em missão institucional, dado que se encontra de licença para tratar de interesses particulares”- Diz a Funai

A equipe de buscas é composta pela Funai, Marinha, Exército e outros órgãos. Estes a realizarão por vias pluviais já que os desaparecidos viajavam por embarcação.

“A equipe nossa da base Ituí iniciou outra busca hoje pela manhã. As buscas têm que ser por via fluvial, com embarcações” — disse Leandro Amaral, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari — “Ainda não encontramos resquícios dos desaparecidos.”

Segundo o MPF (Ministério Público Federal) no Amazonas, um procedimento administrativo foi instaurado hoje para apurar os desaparecimentos. O MPF diz já ter acionado Polícia Federal, a Polícia Civil, a Força Nacional, a Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari, e a Marinha do Brasil.

“Esta última já confirmou ao MPF que conduzirá as atividades de busca na região por meio do Comando de Operações Navais”, diz a nota. “O MPF seguirá intermediando as ações de buscas e mobilizando as forças para assegurar a atuação integrada e articulada das autoridades, visando solucionar o caso o mais rápido possível”.

Os desaparecidos viajavam com uma embarcação nova, com motor de 40 HP e 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem, e 07 tambores vazios de combustível.

“Enfatizamos que, conforme relatos dos colaboradores da Univaja, essa semana a equipe recebeu ameaças em campo, além de outras que já vinham sendo feitas à equipe técnica da Univaja, além de outros relatos já oficializados para a Polícia Federal e ao Ministério Público Federal em Tabatinga” — afirmou Beto Marubo, membro da coordenação da Univaja, entidade composta por indígenas Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina-Pano, Korubo e Tsohom-Djapá.

Segundo a Univaja, os dois se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que fica próxima à localidade chamada Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da Funai no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas.

“Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado. Vale ressaltar que o indigenista Bruno Pereira é uma pessoa experiente e que conhece bem a região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos” — afirma o advogado da Univaja, Eliésio Marubo.

Dom é um jornalista freelancer britânico que mudou se para o Brasil em 2007, com passagens por São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Além do The Guardian, Dom Phillips já colaborou para o Financial Times, New York Times, Washington Post, Bloomberg, Daily Beast, revista de futebol Four Four Two e o jornal de energia Platts, entre outros. Phillips é atualmente bolsista da Alicia Patterson Foundation e 2021 Cissy Patterson Environmental Fellow.

O jornal britânico manifestou preocupação com o desaparecimento do jornalista e afirmou que já está em contato com a Embaixada no Brasil. “O Guardian está muito preocupado e busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível”.

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