MST repudia uso da Força Nacional contra Sem Terra na Bahia

Atualizado em 5 de setembro de 2020 às 17:52
MST (Foto: Gean Gomes/MST)

Publicado originalmente pelo MST:

O Movimento Sem Terra vem a público repudiar as ações de ataque do (des) Governo Federal contra à Reforma Agrária no estado da Bahia.

Na manhã desta quarta-feira (2), ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), André Mendonça, publicou no Diário Oficial a portaria n°493, de 1 de setembro de 2020, que autoriza a Força Nacional Brasileira a atacar as áreas do MST nos municípios de Prado e Mucuri, região do Extremo Sul da Bahia.

Por meio dela, o Ministério da Agricultura terá apoio, até o dia 2 outubro, para ações de reintegração de posse contra assentamentos do MST na região.

O extremo sul da Bahia está localizado em um território com ricas e férteis terras alvos de especulação financeira, do capital internacional e das oligarquias locais.

É uma região em que o MST concentra a sua maior força organizada. E, no último período, o processo de conquistas do Movimento foi intensificado nesse local, sobretudo, após um grande enfrentamento feito com as empresas de eucalipto nos anos 2000. Isso resultou na conquista de mais de 35 mil hectares de terra para a Reforma Agrária, desse total nem a metade foi de fato cedida ao MST.

Após a última eleição presidencial, que elegeu uma figura que criminaliza publicamente os movimentos sociais populares, as famílias Sem Terra vêm sofrendo persistentes e crescentes ataques e retirada de direitos auferidas ao longo do tempo e esse processo foi completamente paralisado.

Diante de todo esse cenário, o governo Bolsonaro elegeu essa região para poder diminuir a força política do MST, primeiro: não viabilizando os processos de desapropriação, segundo: tentando fragmentar o território e terceiro: tentando criminalizar o MST de todas as formas possíveis.

A título de comparação, essa é a única região do país que recebe visitas constantes de agentes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

Na região, os 28 assentamentos adotaram o debate da agroecologia para produzir alimentos de qualidade, dentro do sistema de agrofloresta. Mediante a isso está sendo construída a Escola Popular Egídio Brunetto para ajudar nesse processo de formação, isso vem sendo constantemente ameaçado nesse processo de perseguição.

Em virtude das ameaças e investidas arbitrárias, o MST reafirma seu compromisso de seguir organizado e em luta para que as áreas de assentamento e acampamento permaneçam cada vez mais fortalecidas.

Reiteramos que a presença da Força Nacional não foi autorizada pelo governo da Bahia e que a sua presença é uma afronta a classe trabalhadora.

Em um momento como o que enfrentamos, é ultrajante que o governo faça uso da força para invadir nossos espaço produtivos, quando, na verdade, deveria se preocupar com a saúde do povo.

Essa investida nada mais é, do que um desejo sombrio e infundado de acabar com a luta pela terra no país.