
Em apenas dez meses de mandato, o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), colocou a administração municipal em uma grave crise financeira. Após rejeitar receitas e linhas de crédito, o gestor agora admite a possibilidade de decretar calamidade financeira. A decisão ocorre mesmo após ele ter aberto mão da taxa do lixo, cancelado o programa de refinanciamento de dívidas (Refis) e recusado um empréstimo de mais de R$ 180 milhões já aprovado pela Câmara Municipal.
A postura contraditória do prefeito, que chegou a afirmar que “Cuiabá não precisa do dinheiro do governo Lula”, levantou críticas de especialistas e servidores públicos, que enxergam na medida um sinal de falta de planejamento e improviso administrativo. A capital mato-grossense enfrenta o risco de colapso orçamentário ainda em 2025, comprometendo o pagamento da folha e a continuidade de serviços básicos.
Segundo apuração do Blog do Popó, mais de 200 trabalhadores da Limpurb foram demitidos nas últimas semanas, provocando acúmulo de lixo e sujeira em vários bairros da cidade. A paralisação parcial da limpeza urbana é vista como um dos primeiros efeitos concretos da crise fiscal e da falta de gestão na área de infraestrutura. Moradores relatam que o acúmulo de resíduos tem se tornado um problema de saúde pública.

A decisão de Abílio de renunciar a fontes legítimas de arrecadação também afeta a capacidade da prefeitura de investir em programas sociais, obras e manutenção urbana. Economistas apontam que o cancelamento do Refis, somado à recusa de empréstimos, reduziu significativamente o fluxo de caixa do município, agravando o desequilíbrio financeiro.
Internamente, servidores municipais relatam clima de apreensão com a possibilidade de atraso nos salários e suspensão de contratos. O temor é que o decreto de calamidade seja usado como instrumento político para justificar falhas de gestão e ampliar o controle do Executivo sobre gastos emergenciais, sem transparência.
A situação de Cuiabá coloca em xeque a estratégia de Abílio Brunini, que vem priorizando discursos ideológicos e ataques a adversários políticos em vez de medidas concretas de administração pública. Caso confirme o decreto de calamidade financeira, o prefeito poderá enfrentar resistência na Câmara e pressão de órgãos de controle, diante do cenário de desorganização e descrédito crescente da gestão municipal.