MTST coloca a esquerda na rua no pior momento do governo Temer. Por Pedro Zambarda

Atualizado em 28 de novembro de 2016 às 7:41
Avenida Paulista, 27 de novembro de 2016
Avenida Paulista, 27 de novembro de 2016

 

“Teremos mais atos dependendo de como a conjuntura se desenvolver nas denúncias. A delação da Odebrecht tende a mostrar que este sistema político está podre e não é um partido ou outro. O sistema ruiu e não representa mais. Isso abre espaço para soluções que venham da rua”, disse Guilherme Boulos ao DCM antes do começo do ato, às 15h.

Num domingo ensolarado, com mais de 30 graus na cabeça, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto reuniu milhares em frente ao MASP, na Avenida Paulista, marcando a retomada da esquerda nas ruas no pior momento de Michel Temer.

Inicialmente, o protesto era apenas contra a PEC 55, que pode congelar os investimentos públicos em 20 anos na educação e na saúde. No entanto, as denúncias do ex-ministro Marcelo Calero que geraram a queda de Geddel Vieira levaram os presentes na Paulista a gritar pelo impeachment do governo Michel Temer. E pediram também eleições gerais já.

O MTST pegou a avenida cheia e fechada para os carros, incorporando pessoas que não eram dos 30 movimentos sociais que integram a frente Povo Sem Medo, incluindo negros, LGBTs e integrantes de ocupações no centro de São Paulo e na periferia. Muitos cartazes do Capão Redondo mostravam que eram os pobres que estavam ali, não era a classe média.

Chico César embalou os presentes tocando música brasileira e um reggae misturando Mama África com Geraldo Vandré, com batuques de bumbos dos manifestantes.

Boulos discursou com lideranças de centrais sindicais, como CUT e CTB, além de Carina Vitral da UNE. Luiza Erundina esteve no carro de som, mas não subiu para discursar com o calor intenso. Ivan Valente, do PSOL, reafirmou diante do povo que protocolará o pedido de impeachment contra Michel Temer.

“Inventaram a história das pedaladas para colocar um governo ilegítimo. Por isso temos que pedir impeachment e diretas já”, bradou o senador Lindbergh Farias antes de passar a palavra para o vereador eleito Eduardo Suplicy. Vestido com uma camiseta 10 do Santos, em homenagem ao Rei Pelé e customizada com seu sobrenome, ele aproveitou para alfinetar os tucanos.

“É estranho que figuras como Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves afirmem que a crise do Temer já passou e que devemos seguir em frente. E a PEC do Fim do Mundo quer essencialmente limitar os investimentos sociais importantes para a população”, completou Suplicy.

O ato seguiu com o caminhão de som da frente Povo Sem Medo sendo conduzida por sambistas que formaram um bloquinho de Carnaval fora de época. Os manifestantes seguiram da Trianon para a Consolação e desceram até a Praça Roosevelt, na República, fechando as duas vias.

Entre a galera da direita, o MBL e o Vem Pra Rua estão organizando uma manifestação no dia 4 de dezembro também na Paulista contra a tentativa de anistia do caixa 2 na Câmara. Eles não bradam “Fora Temer” e nem pedem o impeachment, caindo em manifestações genéricas contra a corrupção.

Boulos acertou ao tomar a dianteira no pior momento do governo Temer, com seis ministros derrubados, delação da Odebrecht. A esquerda pretende fazer manifestações em Brasília e na cidade de São Paulo em dezembro para não deixar os movimentos de rua esfriem. O ex-presidente Lula deve comparecer com apoio de Pepe Mujica do Uruguai.

Neste domingo, o MTST contabilizou 40 mil pessoas. A Polícia Militar decidiu não divulgar seu levantamento sempre arredondando para baixo.

O povo anti-Temer definitivamente não quis ficar em casa pra assistir o Faustão. Foram pra rua.

 

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