Muito pouco, tarde demais: FHC age como se o risco Bolsonaro não tivesse seu DNA e o do PSDB. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 21 de setembro de 2018 às 13:29
Deu ruim

FHC publicou em seu Facebook uma carta a “eleitores e eleitoras” alarmado com o “quadro preocupante” em que “se vê a radicalização dos sentimentos políticos”.

“A gravidade de uma facada com intenções assassinas haver ferido o candidato que está à frente nas pesquisas eleitorais deveria servir como um grito de alerta: basta de pregar o ódio, tantas vezes estimulado pela própria vítima do atentado”, diz, sem citar diretamente Bolsonaro.

“O fato de ser este o candidato à frente das pesquisas e ter ele como principal opositor quem representa um líder preso por acusações de corrupção mostra o ponto a que chegamos”.

Ou se busca a coesão política, afirma, ou o “remendo eleitoral da escolha de um salvador da Pátria ou de um demagogo, mesmo que bem intencionado, nos levará ao aprofundamento da crise econômica, social e política”.

No Twitter, deu nome ao seu boi: “Quem veste o figurino é o Alckmin, só que não se convida para um encontro dizendo “’só com este eu falo'”.

Etc etc.

FHC é uma Sheherazade de calças. Age como se não tivesse nada a ver Bozo.

Não é necessário exame de paternidade para saber que a candidatura de Bolsonaro tem o DNA dele e do PSDB.

Após um doce constrangimento republicano, FHC embarcou na aventura golpista com um Aécio Neves estuporado, canalha, apostando todas as fichas na instabilidade.

O fascismo eclodiu nas ruas com protestos financiados pelos tucanos, que bancaram os milicianos do MBL, entre outros.

O ambiente de ódio foi cultivado e estimulado por Aécio, Carlos Sampaio e demais jagunços de terno, enquanto conspiravam com Temer e Cunha.

Com Michel, ganharam cargos no ministério, emplacaram um juiz no STF, viraram sócios, impuseram sua agenda. Deu num desastre.

O discurso demagógico contra a corrupção, o PT, a esquerda, o bolivarianismo, Lula, o sítio, o pedalinho, a “orcrim” — ia dar no quê?

Num Churchill? Num De Gaulle? Num Ulysses Guimarães?

A antipolítica, o achincalhe das instituições, o Judiciário, Alexandre de Moraes — ia resultar no quê?

O que Fernando Henrique fez para se contrapor a isso enquanto havia tempo? Onde a reflexão ponderada do “elder statesman”? (que nunca foi, aliás?)

Caímos num extremista boquirroto, despreparado e violento com reais chances de subir a rampa do Planalto.

O script estava desenhado, FHC leu, assinou, sentou em cima e, agora que o PSDB está na draga, reclama.

Eis o destino dos lacerdas.