Mulher do taco viajou para participar de ato fascista em Brasília e, na volta, vai depor em SP como investigada por crime racial

Atualizado em 15 de junho de 2020 às 20:26

Cristina Maria Rocha de Araújo, a mulher que foi a uma manifestação na Paulista com taco de beisebol, viajou para Brasília neste sábado e deve participar das manifestações deste domingo, 7 de junho.

Conforme conversa com amigos, levou na bagagem seu espírito belicoso, talvez até o taco de beisebol, já que essa arma branca não foi apreendida pela PM na última manifestação na Paulista.

Desta vez, haverá também na capital federal ato pelo impeachment de Jair Bolsonaro. E ela está disposta ao confronto, conforme revelou a amigos.

Nessas conversas, relatadas ao DCM por um interlocutor, ela avisou que a Força Nacional estará de prontidão, por ordem do próprio Bolsonaro, e que poderá, efetivamente, entrar em ação. Mas, segundo seu relato, apenas contra os manifestantes pró-democracia, que ela chama de “esquerdistas” ou “mortadela”.

Cristina costuma alardear que é filha de general. Exagero. Seu pai, Virgílio da Silva Rocha, foi coronel do Exército, mas, antes de morrer, suas filhas, para agradá-lo, mandaram imprimir a réplica de um jornal com a “notícia” de que ele havia sido promovido a general.

Ela tem, de fato, relacionamento de amizade com o general Eduardo Villas Bôas e com o general Heleno, e, sempre que pode, insinua que tem costas quentes.

Como filha de oficial, recebe pensão do Exército no valor aproximado de R$ 8 mil.

O coronel Virgílio foi instrutor nas academias militares nos anos 70 e início dos 80, mas não teve envolvimento com a repressão. Ao passar para a reserva, assumiu a segurança da Gerdau.

Seu filho, também falecido, irmão de Cristina, estudou em escola preparatória de cadete do Exército, mas deixou a carreira militar por incompatibilidade.

Um dia, apareceu no quartel com camiseta de Che Guevara. Morou na França e, nos anos 80, participou dos comícios pelas eleições diretas, que foram decisivas para encerrar a ditadura.

Cristina tem duas filhas, rompidas com ela. A mais jovem apoia os atos antifascistas e publicou em sua rede social uma foto dos manifestantes reunidos na Paulista domingo.

Ela também já postou foto com Eduardo Suplicy em manifestações, e participou de ato pelo impeachment de Jair Bolsonaro em Brasília.

Não há notícia de que estará hoje em Brasília, em manifestação oposta à da mãe.

Ao voltar de sua viagem a Brasília, Cristina terá que comparecer à Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi).

Seu depoimento está marcado para terça-feira. Há um inquérito instaurado em 2 de abril, que apura crime de preconceito racial.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, Cristina Rocha figura como investigada.

Em resposta a uma solicitação do DCM, a Secretaria de Segurança Pública informou, de maneira sucinta:

“A apuração ainda está em andamento para constatar se houve crime. O caso é anterior aos fatos mencionados no último domingo”.

Fatos mencionados pela reportagem são aqueles em que ela aparece provocando os manifestantes pró-democracia. Comprovado o crime racial, Cristina não fará jus à memória do pai.

Segundo um contemporâneo dele nas Forças Armadas, ao passar para a reserva, Virgílio deu seu espadachim de oficial para um jovem cadete, negro e de origem pobre.

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A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública não informou quais os são os fatos que levaram à abertura do inquérito por preconceito racial no qual Cristina Rocha figura como investigada.

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Atualização: A filha de Cristina Rocha entrou em contato e pediu para que seu nome fosse retirado da reportagem. Pedido atendido.