
Uma mulher de 41 anos foi presa em Guaratinguetá (SP) no domingo (19), após ser acusada de proferir injúrias racistas contra um jogador de 12 anos durante a partida entre Manthiqueira e Corinthians, válida pelo Campeonato Paulista Sub-12.
O episódio ocorreu no Estádio Municipal Professor Dario Rodrigues Leite, no segundo tempo da partida, quando o atleta do Manthiqueira, visivelmente emocionado, relatou à arbitragem que foi ofendido por uma torcedora do time visitante. O árbitro Guilherme Drbochlaw registrou as ofensas e acionou o protocolo antirracismo.
A torcedora, identificada posteriormente, teria gritado xingamentos racistas como “Preto, filho da put*, sem família, vai tomar no c*”, enquanto o jogador do Manthiqueira estava no campo. Imediatamente, o árbitro interrompeu a partida e acionou a Polícia Militar.
A mulher foi presa em flagrante e levada à Cadeia Pública de Lorena, onde permaneceu à disposição da Justiça. O jogador, abalado emocionalmente, não continuou na partida, e a mãe da vítima também foi fundamental ao acionar os policiais.
O caso em Guaratinguetá chama a atenção para o crescente número de ofensas racistas e hostilidade nas partidas de futebol de base em São Paulo. Nos últimos meses, a Federação Paulista de Futebol (FPF) tem se esforçado para combater esse tipo de comportamento, com ações como o fechamento de portões para o público em algumas rodadas de categorias de base.

A medida foi tomada após uma série de incidentes em que torcedores, muitas vezes pais dos jogadores, fizeram ofensas racistas e homofóbicas nas arquibancadas. Além de restringir a presença de público, a FPF tem lançado campanhas educativas e se manifestado contra os comportamentos discriminatórios.
Marcelo Carvalho, diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, afirmou que o número de denúncias de racismo nas categorias de base aumentou nos últimos anos.
Ele destacou que as punições são importantes, mas insuficientes, e defendeu ações mais amplas de conscientização junto aos clubes e aos pais dos atletas. A FPF também expressou indignação com o ocorrido, reforçando que a competição paulista não tolera atos de discriminação.
Em uma nota oficial, a Federação ressaltou que o caso é ainda mais preocupante por ter ocorrido contra uma criança e que o esporte deve ser um ambiente de inclusão e respeito, não de intolerância. A FPF garantiu que continuará atuante para que episódios como esse não se repitam.
O Corinthians e o Manthiqueira, clubes envolvidos no jogo, também condenaram a atitude da torcedora. O time alvinegro emitiu um comunicado reiterando seu repúdio a qualquer forma de discriminação e se colocou à disposição das autoridades para colaborar no caso. O Manthiqueira, por sua vez, declarou que, apesar da vitória de 5 a 1 sobre o Corinthians, todos perderam com o ato de intolerância.