Parem de usar as roupas das mulheres do Afeganistão como questão política. Por Francirosy Barbosa

Atualizado em 16 de agosto de 2021 às 23:50
Imagem compara como mulheres se vestiam antes e depois do Talibã – Foto: Reprodução

A antropóloga Francirosy Barbosa utilizou as redes sociais nesta segunda-feira (16) para criticar a politização das roupas das mulheres do Afeganistão.

O comentário ocorre após o grupo extremista Talibã retomar o controle país, o que gerou grande preocupação sobre a situação das mulheres muçulmanas.

Ela é livre Docente e Pesquisadora no Departamento de Psicologia Social na Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto (FFCLRP).

Leia, abaixo, a íntegra do texto publicado por ela no Instagram:

Parem de usar a roupa das mulheres, o corpo das mulheres, as mulheres como objeto de uma questão política, econômica.

Não é sobre as roupas das mulheres, porque se as afegãs quisessem retirar as burcas teriam feito quando o EUA ocupou o Afeganistão.

A questão é muito mais profunda, é a opressão, o autoritarismo, a violação dos direitos humanos.

Se as mulheres optam em usar a burca é problema delas e não meu ou seu.

Parem de achar que vão salvar mulheres muçulmanas.

Parem de querer ocidentalizar a sua maneira as mulheres.

No Brasil vivemos um governo fascista, autoritário, violento, e nem por isso, mulheres estão de burca.

Não façam das mulheres muçulmanas objeto de troca.

O Talibã é o retrocesso da Educação, é a “religião” literalista, mas é sobretudo o desrespeito as organizações democráticas.

Homens e mulheres estão tentando fugir do país. Esses insurgentes não são do diálogo, dos valores islâmicos, tem seus próprios valores.

Por fim, o Afeganistão se “livrou” dos EUA, mas não se livrou dos Taliban.

Para compreender tudo isso é necessário ler Veena Das e ver o que foi a Partição em 1947, e se hoje temos o apoio do Paquistão isso tem fruto histórico.

Olhem para os vizinhos do Afeganistão, Irã, Rússia, Paquistão olhem para China, as peças no tabuleiro estão só se movimentando, vale saber quando o EUA volta ao jogo, se é que um dia saiu.

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