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Muse no Rock In Rio e Smashing Pumpkins no Hollywood Rock

Se existe uma banda na história recente que não conseguiu se manter exatamente onde merecia, é o Smashing Pumpkins. Fez dois álbuns fantásticos, “Siamese Dream” e “Mellon Collie And The Infinitive Sadness”, um terceiro ainda muito bom, “Adore”, e se dissolveu na egolatria de seu líder e gênio, Billy Corgan.

Tenho para mim que, tivesse tido paciência e sabedoria, Corgan e os Pumpkins teriam sido equivalentes em grandeza e genialidade a Thom Yorke e o Radiohead. Mas acabaram ficaram para trás, mais ou menos como Ganso ficou, assistindo machucado a seu equivalente, Neymar, crescer exponencialmente.

Eu poderia ir até mais longe, e dizer que os Pumpkins, funcionando direito, poderiam ter dado mais fôlego ao rock, que passou a ocupar posições inferiores nas charts, posto que eles tinham uma capacidade até maior que a do Radiohead de conversar com o pop. Mas o fato é que o Radiohead é há muito tempo amplamente reconhecido como gênios, enquanto os Pumpkins são há muito tempo questionados.

Então ligo minha TV no Rock In Rio. O Muse está tocando. Estou numa conversa ao telefone. Caros amigos, se você não presta atenção exatamente no negócio, parece muito com um show dos Smashing Pumpkins, se eles só tocassem as músicas pesadas de seu set. Passei a prestar mais atenção para entender o que há de semelhante.

A timbragem é idêntica. O approach ao heavy-metal é muito semelhante. A mistura eletrônica é parecida com que os Pumpkins usaram em Adore. O beat é quase o mesmo. Eles basicamente usaram a mesma “roupa” para a música. Mudaram o mais importante, claro, a essência.

O Muse é muito legal. Uma das melhores bandas de rock da atualidade. Estão entre os melhores shows do Rock in Rio, inclusive num texto que escrevi há alguns dias. Mas notando essa semelhança, pelo menos ao vivo, não consigo deixar de comparar.

Eu assisti o Smashing Pumpkins no Hollywood Rock. Eles não foram cabeça da noite. O Muse é. Os Pumpkins são muito melhores que o Muse, lamento dizer aos fãs do Muse. São melhores apenas por um motivo: transmitem uma idéia com objetividade.

Os Smashing Pumpkins foram muito longe. Entraram para um grupo muito seleto. Só que não conseguiram se manter no topo por muito tempo. A posição que o Muse ocupa hoje é a prova de que os Pumpkins poderiam ter ficado lá por muito mais tempo. Se querem saber o que eu acho, teriam nadado de braçada.

Ruivo

Emir Ruivo é músico e produtor formado em Projeto Para Indústria Fonográfica na Point Blank London. Produziu algumas dezenas de álbuns e algumas centenas de singles. Com sua banda, Aurélios, possui dois álbuns lançados pela gravadora Atração. Seu último trabalho pode ser visto no seguinte endereço: http://www.youtube.com/watch?v=dFjmeJKiaWQ

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