Museu Nacional: é um escárnio que Sérgio Sá Leitão, ministro da Cultura, não esteja na rua. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 3 de setembro de 2018 às 22:38
Sá Leitão

“Não perguntes por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti”, escreveu John Donne.

Quem está queimando naquela fogueira do Museu Nacional é você. 

É o Brasil, ou o que sobrou dele.

A instituição estava recebendo a ninharia de 300 mil reais anuais. Deveriam ser 515 mil.

“Isso acontece porque a própria UFRJ está sofrendo um corte de verbas”, disse o diretor Alexander Kellner ao Globo em março.

Uma vaquinha virtual foi feita para reabrir uma sala de um dinossauro. Não havia verba para restauro de paredes.

Tudo em madeira. Gatos de fiação por todos os lados. Não deu outra.

A Coluna do Estadão conta que o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, compartilhou por WhatsApp uma mensagem sobre o incêndio.

“Certamente a tragédia poderia ter sido evitada”, escreveu.

“Aparentemente vai restar pouco ou nada do prédio e do acervo exposto. Temos que cuidar muito melhor do nosso patrimônio e do acervo dos museus”.

É uma escandalosa admissão de incompetência. O que ele fez para evitar essa calamidade?

Nada.

Em 6 de junho, no evento em comemoração aos 200 anos da instituição, preferiu ficar em Brasília para uma reunião com Eunício Oliveira.

Jamil Chade, correspondente do Estadão na Europa, narrou no Twitter uma conversa com um político europeu sobre o caso.

“Eu lhe contava que o ministro da Cultura teria dito que….Mas nem terminei a frase e ele segura no meu braço e, com os olhos arregalados, me pergunta: ‘ele não foi demitido ainda?'”, escreveu Jamil.

Leitão é um dos dois funcionários do governo que mais gastaram com viagens nacionais em 2018: 66 mil reais com diárias e passagens.

Para fazer o quê?

Ele deixa como marca de sua vilegiatura discussões com parlamentares oportunistas em torno de exposições acusadas de “pedofilia” por néscios de extrema direita.

O fato de não ter sido posto na rua até agora diz muito sobre as cinzas desse governo de vagabundos corruptos.

 

A diminuição da verba do Museu Nacional, segundo gráfico da Folha