Mussolini também escondeu a amante e um filho secreto. Por Paulo Nogueira

Para Mussolini, Ida e o pequeno Benito eram um risco

Dez anos atrás os italianos viveram uma situação parecida com a que os brasileiros experimentam agora.

Uma mulher e um filho irromperam em cena depois de serem suprimidos durante anos, décadas da vida italiana.

A motivação, lá como aqui, foi política. A Mírian Dutra italiana era Ida Dalser. O Tomás, Benito.

E o FHC era Mussolini.

Em 1915, algum tempo antes de ascender ao poder, Mussolini, então com 32 anos e solteiro, engravidou Ida, sua namorada. O filho de ambos se chamaria Benito, como o pai.

Ida tinha um salão de beleza, e ajudou Mussolini, cronicamente quebrado, no começo de sua carreira política.

Mas Ida não era sua única namorada. Havia também Rachelle, com a qual ele acabaria se casando.

Ida ficou furiosa. Uma vez, invadiu um encontro do partido em que Mussolini militava com o bebê no colo. “Camaradas, esta criança é filho desse homem. Ele me engravidou e abandonou”, gritou.

Em outra ocasião berrou da calçada diante do prédio do jornal em que ele trabalhava: “Porco, canalha, covarde, desce se for homem.”

Ela acabou se tornando um risco para Mussolini, cuja pregação se baseava fortemente nos “valores de família”.

Quando ascendeu ao poder, em 1922, ele colocou a polícia para vigiar Ida. Ela seria posta, depois, num manicômio, onde morreria. O mesmo foi feito, alguns anos depois, com o filho Benito. Também ele morreria num manicômio.

Mussolini se livrou assim de um passado perigoso para ele.

O manicômio representou para Ida o que o exílio na Europa representou para Mírian Dutra – o sumiço forçado para preservar a carreira de seus amantes.

Na Itália, o drama de Ida só se tornaria de conhecimento público em 2005, quando um documentário e um livro a tiraram das sombras.

Posteriormente, o cineasta Marco Bellocchio lançou um filme aclamado sobre a tragédia de Ida, chamado Vincere (Vencer).

A história de Mussolini foi reescrita, e finalmente Ida Dalser foi incluída nela para jamais sair.

É certo que a mesma coisa ocorrerá com Mírian Dutra. A posteridade não se debruçará mais sobre a biografia de FHC sem topar com seu infame empenho em esconder a amante e o garoto Tomás.

Se Mírian busca vingança, não poderia haver melhor.

Paulo Nogueira

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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