Eleições

Na convenção do PSDB, Doria pôs para correr um ícone do partido. Por José Cássio

Boanerges Panão, tucano histórico e a voz do partido nos últimos 25 anos

O rame-rame continua o mesmo, como um samba de uma nota só: discursos no velho estilo corruptos são sempre os adversários.

Até o “rei da merenda” Fernando Capez estava lá para falar em gestão e espírito público, e chorar as pitangas como sempre faz depois que foi pego de calças curtas.

– O mal sempre vence o bem, mas o bem sempre vence no final, discursou meio sem jeito.

Sem problemas: o público que estava na Convenção Estadual do PSDB, que homologou a candidatura de João Doria ao governo do Estado, neste sábado, 28, não estava mesmo interessado na chorumela de Capez.

Para os “tucanos nutela”, a maioria absoluta, inclusive porque o evento reuniu gente de partidos aliados e uma infinidade de cabos eleitorais do interior, tudo transcorreu dentro do script: discursos inflamados e foco no projeto Geraldo Presidente e Doria Governador.

Os “tucanos raiz”, em minoria absoluta, porém, perceberam pelo menos uma mudança que certamente vai dar o que falar.

Doria colocou para escanteio um dos ícones das campanhas eleitorais do PSDB desde Mário Covas: Boanerges Panão, tucano histórico e a voz do partido nos últimos 25 anos.

Nos eventos de campanha de 2016, na disputa pela prefeitura, ao apresentar o neo-tucano Panão já dava sinais de que o seu estilo não agradava Doria.

– O João diz que eu grito demais, dizia ele para uma platéia em delírio. Mas tem que gritar mesmo, que é para todo mundo ouvir: é João Doria prefeito, é João trabalhador que está aqui com a gente. Levanta a bandeira aí, gente, solta o jingle…

Na Convenção deste sábado, Panão, que Serra carregava Brasil afora para animar seus comícios à presidência, e que é queridinho de Geraldo Alckmin e ícone da militância do partido, teve um papel secundário.

Animou o público, administrou os discuros até o exato momento da chegada de Dória, quando foi substituído por Claudiney Queiroz, ligado à Brasília Botelho, ex-chefe do cerimonial do palácio dos Bandeirantes.

Antes disso Panão já dava sinais do que viria pela frente.

– Eu tenho voz para mais quatro horas com vocês, dizia, dando a deixa. Vamos em frente, quando o João Doria chegar teremos alguém no meu lugar, mas eu digo em alto e bom som pra todo mundo ouvir. Eu amo o João, sou apaixonado por ele…

Foi Doria pisar no palco, em meio à confusão, sem que ninguém percebesse, adeus Boanarges Panão, a voz icônica do partido. Desapareceu sem nem dizer tchau!

Como a militância vai reagir é o que se vai saber no decorrer da campanha.

Jose Cassio

JC é jornalista com formação política pela Escola de Governo de São Paulo

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