POR LUIZA COPPIETERS
Um fantasma ronda a Europa. Aliás, um demônio que parece nunca tê-la abandonado, o demônio do fascismo.
Depois da prisão de Julian Assange e de um julgamento repleto de questionamentos no Reino Unido, agora a Espanha foi palco de um julgamento vergonhoso por “delito de opinião”.
Desta vez, a vítima foi o rapper catalão Pablo Hasél, encarcerado por alguns tuítes com duras críticas ao governo central, defender o republicanismo e por letras de músicas denunciando a matriz franquista da Coroa.
Se os brasileiros estamos preocupados com o uso da Lei de Segurança Nacional para calar vozes dissidentes, a Espanha criou recentemente a sua própria lei para esse fim, “Lei de Segurança Pública”, que entrou em vigor em 2015.
Apelidada de “Lei da Mordaça”, ela proíbe, por exemplo, manifestações que não tenham sido autorizadas. E foi com base nisso que Pablo Hasél foi condenado. No entanto, ao contrário do que acontece no Brasil, em diversas cidades espanholas, a população foi às ruas contra sua prisão.
Após a condenação no último dia 18 pelo tribunal de Lérida, Catalunha, a dois anos e meio de prisão, pela clássica alegação de “terrorismo” acrescida de injúria à Coroa, Pablo se refugiou na universidade da mesma cidade.
Tendo passado os dez dias que tinha para se apresentar para detenção, foi retirado à força por uma dezena de agentes de Mossos d’Esquadra. E deixou seu recado aos gritos: “Não nos vão calar, não nos vão parar, morte ao Estado fascista.”
A partir de então, em diversas cidades da Espanha, populares têm ido às ruas e se manifestado, sofrendo repressão policial, tão comum a quem não está do lado dos poderosos.
Enquanto a lei bate em Pablo, a neofascista Isabel Peralta anda livremente toda pirilampa pela Espanha participando de manifestações neonazistas, como a que aconteceu no último dia 12 e reuniu mais de 300 pessoas.
Eis alguns dos versos de Pablo Hasél que bastaram para o condenar a 2 anos meio ao cárcere:
“Quantos milhões e milhões/ saquearam e gastaram/ durante tantos anos/ tantos membros da família real?/ E logo os psicopatas que nos governam/ dizem que não há dinheiro/ para direitos de primeira necessidade/ Mas têm os anos contados/ A república popular está próxima”.
Saben que si nos independizamos, su régimen agoniza. Apoyar la independencia es apoyar el fin de su régimen fascista, impulsar la tan necesaria desobediencia, etc. Apoyar la independencia es combatir a la burguesía catalana facha o processista.https://t.co/gt9xhFcLOS
— Pablo Hasel (@PabloHasel) April 5, 2019