Na guerra do PSL, delegado Waldir apanha e sabe o motivo

Atualizado em 18 de outubro de 2019 às 0:07
Delegado Waldir com Bolsonaro

Enquanto os analistas políticos se ocupavam com a guerra entre o clã Bolsonaro e os donos do PSL, a equipe econômica de Jair trabalhava sem ser incomodada na tarde desta quinta, 17, cuidando para remanejar R$ 3 bilhões do Orçamento para honrar compromissos com parlamentares que apoiaram a reforma da Previdência.

Para bom entendedor, o que isso significa? Significa que o presidente está se organizando para quitar a fatura com aqueles que ajudaram o governo a pôr fim no sonho de aposentadoria do trabalhador e iniciar o processo de entrega aos bancos do lucrativo negócio da capitalização.

A medida, que segundo o jornal O Globo já foi autorizada pelos congressistas, vai também atender as emendas ajustadas com os senadores.

Outros acordos estão em jogo mas a liberação dos recursos das emendas é o que está por trás da inflexão feita pelo delegado Waldir, líder que derrotou Bolsonaro no PSL e que minutos depois já se declarava mulher traída: “A gente apanha mas volta”, esclareceu. “Somos Bolsonaro”.

Delegado Waldir pode ser louco de enfrentar o presidente da República, numa cena que já entrou para a história, mas bobo não é. Sabe que é da caneta do capitão que vai sair o aditivo para abastecer a rede de interesses regionais de seus liderados no PSL.

Por esse motivo é que Bolsonaro ainda não jogou a toalha.

Na mesma hora em que seu adversário interno contemporizava, o líder do governo, Major Vítor Hugo (GO), dizia que o Planalto vai continuar batalhando pela destituição de Waldir e entrega do cargo ao filho do presidente, Eduardo Bolsonaro.

“Nós não temos, ainda, a previsão de quando vamos conseguir alcançar o número necessário, mas vamos buscar uma nova lista, mantendo o objetivo já expresso pelos deputados que estão ali apoiando expressamente o presidente da República de mudar a liderança do PSL”, declarou Vitor Hugo no final da tarde.

Bolsonaro e filhos chegaram ao poder central da forma mais improvável. Sem apoios importantes, sem prestígio político, na base do erro e do acerto. Por essa razão, erra quem aposta que a vitória de Waldir está consolidada.

Com o cofre cheio a partir do remanejamento dos R$ 3 bilhões confirmados nesta quinta, começa uma outra etapa da briga.

E agora quem está com a faca e o queijo é o capitão.