Na Marcha Para Jesus, Bolsonaro discursa sobre “ética e moral” ao lado de casal preso nos EUA com dinheiro escondido na Bíblia

Atualizado em 21 de junho de 2019 às 7:12
Bolsonaro na Marcha Para Jesus, entre a bispa Sonia e o apóstolo Hernandes

Jair Bolsonaro compareceu à Marcha Para Jesus em São Paulo nesta quinta-feira, dia 20.

O Brasil “precisa de um povo e uma classe política que tenham fé, que coloquem os interesses do país acima dos interesses pessoais”, discursou.

Embarcou na parolagem religiosa.

“Agradeço a Deus também. Primeiro por estar vivo. Recebi dele o dom de me dar a vida pela segunda vez. Agradeço a vocês também pelas orações. Ele nos deu a presidência”, falou.

O sujeito que vive à sombra dos esquemas de Queiroz e das milícias acha que “o nosso país tem problemas seríssimos de ética, moral e economia. Podemos reverter e fazer com que o Brasil seja colocado no local de destaque que merece”.

O evento ocorre desde 1993.

Foi criado pela igreja Renascer em Cristo, dos bispos Estêvam e Sônia Hernandes. 

“É muito bom estar entre amigos, melhor ainda quando os amigos têm Deus no coração. Agora, somos irmãos. Muito obrigado pelo convite”, disse Bolsonaro.

A Renascer é uma das maiores picaretagens evangélicas da história.

A tal bispa ficou famosa nos anos 90 por causa de uma máxima: “Deus é uma coisa quentinha”.

No dia 14 de janeiro de 2007, a caminho de Miami, Sônia, Estêvam, dois filhos e três netos embarcaram na primeira classe de um voo levando US$ 56 467 em dinheiro.

Ao pousar, tentaram passar pela alfândega americana sem declarar o valor.

Acabaram presos, admitiram a culpa e cumpriram pena de reclusão em regime fechado e semi-aberto.

Parte da grana foi encontrada dentro de uma Bíblia.

Só foram liberados pela polícia federal americana, o FBI, depois de pagar fiança de US$ 100 mil.

Estavam na lista do FBI marcados pelo chamado “alerta azul”, sinal de que as pessoas são procuradas por responder a processos que interessam aos EUA e têm residência lá.

No Brasil, a Justiça determinou o bloqueio da movimentação de oito contas bancárias das empresas Colégio Gamaliel e Publicações Gamaliel, abertas em nome do casal: entre 2000 e 2003, o valor chegou a R$ 46,4 milhões.

Também foram bloqueados bens como a casa em Boca Raton, litoral da Flórida, avaliada em U$ 465 mil, e um haras em Atibaia, interior de SP (R$ 1,8 milhão).

Dois anos depois, o telhado da sede da Renascer, no Cambuci, desabou.

Nove pessoas morreram e 117 ficaram feridas.

Em 2016, uma juíza de São Paulo determinou o confisco de 20% do dízimo arrecadado diariamente nos cultos para o pagamento de indenização a uma vítima.

Hoje eles estão na linha de frente do bolsonarismo.

Glória.