Na Netflix, um filmaço sobre o nada depois de nós. Por Maringoni

Atualizado em 18 de dezembro de 2023 às 8:33
Cena do filme: “O Mundo Depois de Nós”. (Foto: Reprodução)

Vale muito a pena assistir “O mundo depois de nós”, no Netflix. Releve o fato de ter sido produzido pelo casal Obama e atente para o grande desempenho de Julia Roberts (!).

O longa mostra o caos de um mundo – ou de um sistema – no qual “não há ninguém no comando”, como a dada altura diz um dos personagens. Quem ao fim e ao cabo manda na lógica do mercado autorregulável, capaz de “aniquilar a substância humana e natural da sociedade”, como há 80 anos escreveu Karl Polanyi? Esse é o pano de fundo de toda a trama.

“O mundo depois de nós” remete a dois clássicos da cultura pop dos tempos da Guerra Fria. O primeiro é o clima neurotizante de isolamento e atomização social de “O eternauta” (1957-59), celebrada obra-prima do quadrinho argentino, de Hector German Oesterheld. O segundo é o episódio ‘Os monstros da rua Mapple ‘(1960), da inigualável série “Além da imaginação”, de Rod Serling.

E vai além: capta uma espécie de “american way of neura” em tempos de guerra na Ucrânia, genocídio em Gaza e reascensão do trumpismo, no bojo da fascistizaçao geral em curso. O fim de tudo passa a ser uma decorrência plausível.

Cena do filme: “O Mundo Depois de Nós”. (Foto: Reprodução)

Quem ataca os EUA? Personagens especulam se iranianos, coreanos, russos ou chineses, diante do fato de que “criamos inimigos demais no mundo”, que uma hora revidam.

Um mundo sufocantemente sem saída, com um final salve-se quem puder, numa cena tão espalhafatosa quanto absurdamente prosaica.

Tudo em pouco mais de duas horas de altíssima octanagem emocional, para ficarmos nas comparações petroleiras (que têm lugar de destaque na fita).

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