
Após a expulsão de seu embaixador pela Nicarágua no início de agosto, o Brasil irá se juntar a outros oito países para denunciar, na ONU, as violações de direitos humanos praticadas pelo governo de Daniel Ortega.
Nesta quinta-feira (10), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva vai assinar uma declaração conjunta com Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Paraguai e Peru. O documento acusa o governo nicaraguense de tortura, desaparecimentos forçados e repressão.
Essa decisão marca uma mudança na postura do Brasil, que nos últimos meses na ONU não havia se posicionado abertamente contra Ortega, tentando manter o diálogo.
O agravamento nas relações entre os dois países se intensificou após a expulsão do embaixador brasileiro em Manágua, seguida pelo fechamento de uma câmara de comércio brasileira e críticas públicas de Ortega a Lula. Em resposta, o Brasil também expulsou a embaixadora da Nicarágua.

A mudança ocorre depois de um relatório da ONU denunciar o agravamento das violações de direitos humanos na Nicarágua, com aumento de detenções arbitrárias, maus-tratos, repressão a opositores e ataques a povos indígenas. O governo Ortega foi acusado de perseguir dissidentes, intimidar a população exilada e reprimir liberdades fundamentais.
Entre as denúncias está uma lei que permite acusar pessoas fora do país por crimes como lavagem de dinheiro e terrorismo, gerando receios de que isso seja usado para perseguir exilados. O relatório da ONU também destaca tortura, abuso sexual, e mortes de indígenas e afrodescendentes, além de ataques a organizações religiosas.
As liberdades religiosas na Nicarágua foram severamente restringidas, com prisões de clérigos católicos e fechamento de centenas de ONGs, incluindo grupos de defesa dos direitos das mulheres.
A ONU pede uma mudança urgente de rumo por parte do governo nicaraguense, especialmente com as eleições de 2026 se aproximando, vendo-as como uma oportunidade para restaurar os direitos políticos e cívicos no país.