Na rataria de Bolsonaro, a briga promete. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 18 de maio de 2023 às 19:10
Ex-presidente Jair Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa
Foto: Reprodução

Ainda que negue, para a defesa de Jair Bolsonaro foi ensurdecedor o silêncio de Mauro Cid no seu depoimento à Polícia Federal.

Crentes que o menino de recados do então presidente iria isentar declaradamente o ex-chefe, o fato dele não ter respondido a nenhuma pergunta torna obscura a tática de seus advogados a depender do desenrolar dos próximos eventos.

Sem saber exatamente o tamanho do estrago que o celular apreendido de Cid pode causar ainda mais na situação já periclitante de Bolsonaro, não se ter confirmada logo de saída a tese que defende a sua (de Cid) completa lealdade e submissão ao ex-presidente, faz com que tudo avançe da pior das formas, completamente às escuras.

Ato falho ou não, numa espécie de fraquejada movida a desespero, Flávio Bolsonaro já pedia logo cedo e de antemão para que o Tenente-coronel falasse de vez como, com quem e porque teria adulterado “por conta própria” o cartão de vacinação de Jair Bolsonaro “sem que ninguém o tivesse pedido”.

Por “falasse de vez” leia-se “assumisse a culpa de vez”.

O fato é que à revelia da vontade desconsolada de um filho que busca livrar a cara do pai a qualquer custo, Mauro Cid fez-se de surdo e não falou (assumiu) absolutamente nada.

E ao não falar, nem tampouco assumir nada, é mais do que lícito imaginar que o instinto de sobrevivência começa a gritar mais alto no interior das celas do exército brasileiro.

O que faz todo o sentido, aliás.

Ao contrário do instinto natural de sobrevivência que faz parte do ser de qualquer animal, racional ou não, ninguém em sã consciência espera exatamente encontrar lealdade em um rato.

Como Darwin já nos ensinara, no reino animal não é necessariamente o mais forte que sobrevive, mas sim o que melhor se adapta aos novos ambientes em que se veem inseridos.

Na rataria, portanto, a briga promete.

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Carlos Fernandes
Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina