Não aceito o pedido de desculpa da mulher do presidente da Abril que insultou nordestinos como eu. Por Nathalí Macedo

Atualizado em 14 de maio de 2016 às 18:37
Cristina e o marido: para ela, nordestino não vale nada
Cristina e o marido: para ela, nordestino não vale nada

Há alguns dias escrevi um texto sobre a miséria mental de Cristina Partel, esposa do Presidente da Editora Abril, Walter Longo, que destilou preconceito contra os nordestinos no Facebook.

Não dourei a pílula (nunca o faço), e posso imaginar o quanto esta senhora, tão avessa a críticas e tão acostumada com pessoas lambendo suas botas, ficou chateada por ter sido chamada de elitista e ignorante por uma nordestina (eles acham um disparate que nordestinos falem, mais ainda que falem contra eles).

Mas o cinismo não tem limites e ela deu-se ao trabalho de enviar uma mensagem ao meu facebook se desculpando pelas ofensas – como se xenofobia fosse apenas um pequeno equívoco, um acidente de percurso, um erro banal e facilmente corrigível. Como se quem quer que fosse pudesse dizer ‘perdoe-me, querida, por ofender e massacrar o seu povo.’

A Senhora Abril teve a pachorra de dizer que não tinha ideia de que suas ofensas magoariam as pessoas. Ela não sabia que o povo nordestino tem sentimentos e tem um orgulho a zelar (mas ficou sabendo porque nós fizemos questão de rechaçá-la, todo xenofóbico será exposto sim!).

Ignorei o cínico pedido de desculpas e fiquei pensando no porquê de aquela mulher abandonar seu spa e seu banho de ofurô e suas compras no shopping para enviar uma mensagem dissimulada ao meu facebook.

Eu sabia que aquele pedido de desculpas não era por sincero arrependimento – essa gente não sabe o que é isso – e confirmei minhas suspeitas com o caso do designer Gil Felisberto, demitido da Editora Abril porque ousou, como eu, manifestar-se diante da xenofobia de Cristina.

Ele não disse nem a metade do que eu disse em meu texto – quem sabe o que lhe teria ocorrido acaso o tivesse feito? – apenas compartilhou em seu próprio facebook a postagem ofensiva da mulher com a legenda: “Se eu ofender esta senhora, serei demitido?”

A resposta veio rápido, na manhã seguinte, na demissão por ‘reestruturação.’

Não foi isso, nós sabemos. Gil, filho de nordestinos, foi demitido porque atreveu-se a falar. Foi demitido porque seus ex-patrões são fascistas censuradores. Ele foi demitido porque Cristina, seu marido e toda essa gente quer os nordestinos calados, amedrontados, entregues.

E contra mim, que atrevo-me, de novo, a dizer que esta senhora é uma xenofóbica medíocre, o que ela fará? Ela não pode me demitir (confesso que esta é uma sensação maravilhosa). Eu posso falar. Eu e todos os nordestinos que não trabalham na editora golpista de seu marido.

Concluí: só me pediu desculpas porque não pode me calar. Nunca poderá.

P.S Cristina, você é xenofóbica, medíocre, elitista, perversa e perua. Sim, perua. Eu digo de novo.

Vem me pegar.