“Não conhecia direito”: Lya Luft e a banalidade do mal no voto entediado em Bolsonaro. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 24 de junho de 2020 às 9:32
Lya Luft

“Te confesso que votei e me arrependi. Votei na falta de coisa melhor e me arrependi muito. Não conhecia direito. Queria uma trégua do PT, era muita esculhambação, corrupção, não foi uma fase boa. Votei nele e me arrependi em seguida”.

Eis a justificativa de Lya Luft para votar em Bolsonaro.

Escritora, ex-mulher do psicanalista Hélio Pellegrino, membro de uma elite intelectual, portanto, Lya apoiou um fascista que sempre foi fascista por… tédio.

Ela queria “uma trégua do PT”. Não “conhecia direito”.

Preferiu um jumento que homenageou um torturador em plenário (para ficar num episódio recente) a um professor, ex-ministro da Educação, testado como prefeito em SP, porque este era petista.

Lya não é a única, evidentemente.

Quantos como ela, com o mesmo background, fizeram essa opção? FHC, para citar um caso de omissão criminosa.

O cinismo, a banalidade do mal com que Lya confessa esse desastre, é pior que a credulidade do bolsonarista raiz.

O idiota que acreditou no capitão de boa fé tem a desculpa de que queria um país melhor.

Lya, não. Ela estava com enfado do PT.

Ela preferiu não se informar.

Fitzgerald define os ricos Tom e Daisy Buchanan, no “Grande Gatsby”, como “pessoas indiferentes”, que “esmagavam as coisas e as criaturas e então se refugiavam em seu dinheiro e em sua vasta futilidade”.

No Brasil, os Bolsonaros da vida sempre poderão contar com as Lyas Lufts não por convicção, mas para sair da monotonia.