Por Moisés Mendes

Não é uma bobagem ou uma falsa controvérsia a pergunta que circula a bordo do debate sobre a decisão de Lula de viajar ao Egito no jato de um empresário.

Esta é a pergunta: Lula conseguiria embarcar hoje num voo comercial e viajar sem ameaças de fascistas antes, durante ou depois do embarque ou no desembarque?

Sei o que vão dizer. Que ele iria na primeira classe e embarcaria por um acesso exclusivo e depois de todos os outros passageiros, com forte esquema de segurança.

Que a primeira classe fica em compartimento em lado contrário ao das classes executiva e econômica. E que ele desceria no Egito numa área especial.

Podem dizer o que quiserem. Mas seria complicado colocar Lula num avião de carreira na sua primeira viagem internacional como presidente eleito. A extrema direita arranjaria um jeito de armar a maior confusão.

O fascismo vaia a agride o que se mexer em qualquer lugar e tiver relação com Lula, com as esquerdas e com o Supremo e o TSE.

Eles atacam ministros do Supremo como se atacassem gays, negros e pobres, que eles atacam mesmo cotidianamente.

Agridem pessoas nas ruas por qualquer motivo que considerem um desafio às suas inseguranças autoritárias.

Isso quer dizer que, em decorrência dessas dificuldades, e como não há dinheiro para pagar uma viagem, Lula agiu certo ao pegar carona no avião de empresário que confessou ter dado dinheiro em caixa dois a José Serra em 2014?

Não agiu. Lula não poderia pegar carona com empresário algum. E não é bom misturar ao debate a pergunta sobre qual seria saída, se o PT não tem como custear a viagem.

O certo é que a alternativa da carona foi política e eticamente incorreta. Não há o que debater.

Não adianta tentar desqualificar as críticas da direita, que faz a sua parte. O episódio tem o mérito de servir como primeira lição para o novo governo.

O PT não poderá repetir erros cometidos nos 13 anos em que esteve no poder. Não pode ser arrogante, não deve ignorar as consequências de gestos arriscados e não precisa cair na tentação das armadilhas.

Mas como Lula poderia chegar então à conferência do clima? Esse sim é um debate sobre uma questão que envolve solução prática. Debata-se.

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AGRESSORES IMPUNES
Todos os dias tem uma agressão de bandidos fascistas a alguém, em ambientes fechados ou nas ruas.

A extrema direita não teme ninguém, e muitas autoridades temem enfrentar o bolsonarismo, mesmo que esse tenha sido derrotado.

Tem muita autoridade com medo dos militares. Mas medo do quê? De ditadura? De tortura? De perseguição? De cassação? De desaparecimentos?

O homem do vídeo abaixo foi espancado por patriotas em Taubaté quando tentou furar um bloqueio e entrou um conflito com os manés.

Talvez não aconteça nada com eles, como não acontece com outros agressores fascistas.

https://twitter.com/77_frota/status/1592978895904870400