Não é acidente, é projeto: incêndio na Cinemateca é o legado de Weintraub, Regina Duarte e Mário Frias para a Cultura

Atualizado em 29 de julho de 2021 às 20:01
Incêndio na Cinemateca: tragédia anunciada

O incêndio da Cinemateca de São Paulo é o legado do governo Bolsonaro para a Cultura. O desastre leva a assinatura de Regina Duarte, Mário Frias e o chefe.

A destruição não é acaso, é projeto. A patética Regina nunca chegou a assumir o cargo prometido pelo sujeito.

Gastou o pouco tempo no cargo com brigas com olavistas e ofendendo artistas mortos. Seu substituto Mário Frias prefere desfilar armado e tirar fotos com deputadas neonazistas.

Está em Roma neste momento, numa boca livre de uma certa Conferência dos Ministros da Cultura do G20 com o chefe, o ministro do Turismo Gilson Machado.

Era uma tragédia anunciada. Salários dos funcionários atrasados, luta para pagar a conta de luz, brigada de incêndio inexistente — o abandono completo.

No ano passado, especialistas em segurança avisaram que um apagão elétrico seria desastroso para a instituição, que precisava manter a climatização das salas onde está arquivado seu acervo histórico.

No atual governo, a Associação de Comunicação Educativa Roquete Pinto (Acerp), que administra desde 2016 a Cinemateca, teve seu contrato cortado com o Ministério da Educação e deixou de receber as verbas destinadas.

O culpado é Abraham Weintraub e sua visão fascista de que o dinheiro servia para propaganda comunista de Paulo Freire.

O edifício era um barril de pólvora, com material altamente inflamável com filmes em película de nitrato de celulose, que precisa de acompanhamento de profissionais especializados.

Em 2016, as chamadas lamberam a Cinemateca e queimaram 1 007 rolos de filmes: cinejornais, curta-metragens, teste de atores de longa-metragem e publicidade.

A Cinemateca guarda um registro de como nós falávamos, cantávamos, gesticulávamos.

Fitas da Atlântida, da Vera Cruz, o que restou do cinema mudo, Canal 100, TV Tupi, Glauber Rocha — o que não virou cinza está seriamente comprometido.

Como o Brasil.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.