Não é “cortina de fumaça”: Bolsonaro não sabe fazer outra coisa que não seja chafurdar no lixo. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 11 de março de 2019 às 23:49

É inevitável, diante de algo muito absurdo, surgir uma explicação “racional”.

Serve para o empate do Corinthians com o São Bento, a morte de Teori Zavascki, os discos do Fagner e o governo Bolsonaro.

O vídeo obsceno postado pelo Presidente da República é uma imbecilidade.

Nem à sua base agradou.

O ataque orquestrado com blogues de aluguel à jornalista do Estadão, jogando-a a seus cães, os maus tratos ao português, os bordões idiotas — esse caos deveria fazer algum sentido.

Jornalistas vêem sempre com a conversa de que é uma “cortina de fumaça”, clichê usado por todo cidadão que quer parecer que sabe algo que você não sabe.

Diante de tanta estupidez, é tentador, mesmo, achar que existe alguma estratégia por trás.

Não tem nada. Zero. Niente. Zip.

É som e fúria perpetrados por idiotas para idiotas, significando coisa alguma.

A lógica que move o bolsonarismo é a da agitação permanente e é por aí que ele vai cair.

Bolsonaro NUNCA trabalhou em 30 anos de legislatura.

Por que o faria agora?

Donald Trump inventou esse estilo. Mas Trump preside uma economia estável com baixo índice de desemprego.

Não é o caso de Jair e seus carluxos.

“É uma tática orientada de ‘fora’, de Steve Bannon, que subverte nas redes todos os protocolos de funcionamento da democracia moderna”, escreveu Tarso Genro. “Desvia crises”.

Ora.

Que crise foi desviada?? Tudo continua de pé, inclusive o Queiroz.

Essas patacoadas em série provocaram a desmobilização de parte da milícia de apoiadores na internet, diz a Folha:

Monitoramento feito nas contas do governo e do próprio presidente mostrou que as críticas não vêm só de oposicionistas, mas de pessoas que votaram em Bolsonaro por se identificarem com pautas conservadoras, mas especialmente por serem críticos aos governos do PT.

A preocupação de auxiliares palacianos é que esse tipo de publicações leve a uma geração de crises espontâneas recorrentes e que isso prejudique sua popularidade antes mesmo de o governo chegar aos primeiros 100 dias. (…)

O controle do conteúdo publicado nas redes sociais não está a cargo da Secom (Secretaria de Comunicação Social), como era feito em gestões anteriores. Ao assumir o governo, o presidente passou o tema aos cuidados de assessores especiais, ligados diretamente à Presidência.

Entre os assessores especiais está Tercio Arnaud, que era do gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), um dos filhos do presidente e o responsável por criar uma estratégia de comunicação agressiva do pai com usuários das redes sociais. (…)

É o modus operandi dessa gangue.

O mindset é de campanha e, por razões que eu arrisco psiquiátricas, eles não sabem fazer de maneira diferente.

Assim prosseguirão até se auto destruírem.

Ou, como diz o Zé Simão, o fiofó parar de arder.