Não esperaram sequer Mandela morrer

Atualizado em 15 de julho de 2013 às 8:52

Família briga na justiça pelo legado enquanto líder sul-africano ainda luta pela vida.

Mandela e parte da família
Mandela e parte da família

O texto abaixo foi publicado na versão africana do site alemão DW.

O contraste não poderia ser maior.

Desde o início de julho, Nelson Mandela, de 94 anos, está na unidade de cuidados intensivos do hospital em Pretória e respira com a ajuda de aparelhos.

Enquanto a nação assiste preocupada ao sofrimento do Prêmio Nobel sul-africano, a família luta entre si pelo local onde será sepultado.

O protagonista da história é Mandla Mandela, neto de Nelson Mandela. Ele é o descendente masculino mais velho da tradicional família AmaThembu, à qual os Mandelas pertencem.

Há dois anos, ele ordenou – aparentemente com a bênção de seu avô, mas sem o consentimento do restante da família – que os restos mortais de três filhos de Nelson Mandela fossem transferidos da sepultura da família em Qunu, onde Nelson Mandela passou grande parte da infância, para Mvezo, localidade a poucos quilómetros de distância onde o ícone da liberdade nasceu.

Mandla provavelmente esperava que a sua vila e ele próprio se beneficiassem do grande nome da família.

Há rumores de que Mandla queria construir uma espécie de parque temático Mandela e atrair milhares de turistas e peregrinos a Mvezo.

A filha mais velha de Mandela, Makaziwe, em nome da família, abriu um processo contra Mandla pela transferência dos corpos de Qunu para Mvezo.

Há alguns dias, um tribunal decidiu que a atitude foi ilegal e que os restos mortais devem ser novamente enterrados na sepultura da família, em Qunu.

Não é a única disputa judicial.

Em abril, Makaziwe e Zenani, filhas de Madiba, nome pelo qual Mandela é chamado pelos sul-africanos, tentaram destituir a direção de duas empresas que o pai montou.

As empresas gerem a receita da marca do nome da família, e as irmãs querem garantir para si uma parte do dinheiro com uma ação judicial.

“Na verdade, é uma batalha pelo legado de Mandela e os seus bens”, diz Sabelo Ngwenya, analista político e advogado em Joanesburgo.

O processo é dirigido contra três dos mais velhos e leais companheiros de Nelson Mandela, que dirigem as empresas.

No próximo dia 18 de julho, Mandela completa 95 anos – com sua família engalfinhada em torno de seu legado.