“Não existe projeto de poder dos evangélicos”, despista Malafaia em entrevista

Atualizado em 14 de agosto de 2022 às 10:17
Silas Malafaia
Pastor Silas Malafaia
Foto: Reprodução

O pastor Silas Malafaia concedeu longa entrevista à Revista Veja e nela disse que não existe “esse negócio de projeto de poder dos evangélicos”. Para fundamentar sua resposta, invocou o fato de Jair Bolsonaro (PL) ser católico. Malafaia também questionou a confiabilidade das pesquisas eleitorais que fazem o recorte religioso do eleitorado. Leia trechos:

Como o senhor avalia a participação dos evangélicos na política? Eles estão contribuindo positivamente para a mudança do país ou estão apenas se lançando a um projeto político de poder?

Silas Malafaia – Uma coisa que eu acho importante pontuar é que não existe esse negócio de projeto de poder dos evangélicos. Tanto é que Bolsonaro é católico. Por exemplo, outros políticos que eram evangélicos, como o Anthony Garotinho, que foi governador do estado do Rio de Janeiro, não tiveram a mesma capilaridade com os evangélicos, como teve o Bolsonaro. Eu converso com noventa por cento da liderança evangélica e desconheço essa coisa de “projeto de poder político” dos evangélicos. Nós não temos Papa, muito menos uma única liderança, ao contrário, o que temos são múltiplas lideranças. Esse negócio de projeto de poder dos evangélicos é uma balela. O que está acontecendo, na verdade, é que os evangélicos estão se despertando para o direito da sua cidadania. Eu tive o privilégio de ouvir o Dr. João Roberto Marinho (que era católico praticante), me dizer: “Vocês evangélicos dão às pessoas mais pobres e simples a dignidade e o direito de conquistar”. Isso acontece como fruto do legado da Reforma Protestante. Foi a Reforma que fez com que as pessoas das classes baixas conquistassem riqueza, poder e conhecimento. Não foi o socialismo ou o comunismo que promoveram isso. Ou seja, nós evangélicos incentivamos as pessoas a crescerem, a conquistarem e a progredirem. O Estado não faz isso, mas nós o fazemos com muita força. Podem chamar pesquisadores, sociólogos e quem mais quiserem, que eu os desafio a me apresentarem uma instituição que recupere pessoas como a igreja evangélica recupera. Em nosso meio não há apartheid social. Não há homogeneidade de grupos; é tudo misturado. Por exemplo, um diácono que coordena outros obreiros, é soldado no quartel, mas na equipe dele dentro da igreja, tem um coronel que obedece suas ordens. Isso é extraordinário e só ocorre na igreja, de forma que a igreja promove a igualdade entre as pessoas. Já o socialismo, é só teoria…(…)

O senhor tem feito uma série de vídeos no YouTube descredibilizando as pesquisas eleitorais conduzidas com os evangélicos. Por que o senhor duvida das pesquisas?

Silas Malafaia – Se você quer saber o voto das pessoas mais pobres, tem que ir às comunidades carentes. Se você deseja saber o voto das pessoas mais ricas, deve ir às áreas de um nível social mais elevado. Como é que alguém pode saber com cem por cento de certeza sobre o voto evangélico? Porta das igrejas. Nem o Instituto Datafolha, nem o Instituto Paraná, fazem pesquisas aos domingos. Eu desafio quaisquer institutos de pesquisas a fazerem pesquisas nas igrejas de todas as regiões do país e em todas as localidades. Eu garanto que o resultado é o seguinte: 80% dos evangélicos consultados votarão em Bolsonaro e 20% em Lula. Por isso, eu não dou credibilidade às pesquisas eleitorais feitas com evangélicos. Eles não vão às portas das igrejas e assim não conseguem captar a real intenção de voto dos evangélicos. Eu sei muito bem o que eu estou falando, pois vou a todos os lugares deste país e o que vejo nas igrejas é um apoio avassalador ao Bolsonaro. Essas pesquisas estão todas furadas…(…)

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