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Não existem militares no Governo, existem pessoas fardadas, o que é diferente. Por Gilberto Maringoni

Bolsonaro conversa com generais do Exército
Fernando Souza / AFP

Publicado originalmente no Facebook de Gilberto Maringoni

Por Gilberto Maringoni

Uma das grandes falácias dos últimos meses é que teríamos um governo militar ou militarizado no Brasil. Na verdade, temos um governo cheio de gente fardada ou fantasiada de verdeoliva.

Isso é facilmente perceptível diante do quadro emergencial em que vivemos. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva bradou em coletiva-pastelão do presidente e sua tropa semana passada que enfrentamos uma “guerra”. O general não estava sendo original, mas repetia uma constatação feita pelo presidente Emmanuel Macron dias antes.

De fato, o avanço do coronavírus pode ser comparado a uma guerra. Trata-se de um vírus que ocupa territórios e assim deve ser mapeado. Ele se espalha entre a população quase com lógica de um exército inimigo. É possível verificar seu deslocamento terrestre e acompanhar sua movimentação a partir de locais de desembarque. Aqui no Brasil eles se concentraram nos aeroportos internacionais de São Paulo e Rio de Janeiro, com menor destaque para outros pontos de entrada, como portos e fronteiras secas.

O SUDESTE CONCENTRA 57% dos casos notificados de contaminação até a noite desta quinta (26). Norte e Nordeste acusam 16% em cada região.

Se tivéssemos no governo militares que conhecessem campos de batalha, para além de filmes de Spielberg e Tarantino ou de games de computador, já teríamos uma ação conjunta do Ministério da Defesa com o da Saúde visando traçar um plano nacional de prevenção, com bloqueio de pontos de comunicação e isolamento territorial, como foi feito na China.

O militar-símbolo do governo Bolsonaro é o folclórico e simiesco general Augusto Heleno, notável nulidade administrativa da área de Segurança Institucional, que não consegue saber sequer o que é embarcado nos bagageiros dos aviões presidenciais. O militar que comanda a Anvisa destaca-se pela feitura de selfies de passeios presidenciais e pela soporífera leitura de portarias e éditos de sua pasta no Diário Oficial em coletivas presidenciais. Bolsonaro não conta. Não é militar, mas agente provocador de baixo nível.

O Brasil é um país que necessita urgentemente colocar seus melhores quadros militares no governo. Existem muitos oficiais competentes e de primeira linha no país. Os que estão no governo fascista visam apenas descolar boquinhas e vida mansa. E acabam por enlamear uma farda que não é deles, mas da Nação.

Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni, professor de Relações Internacionais da UFABC e candidato do PSOL ao governo de São Paulo, em 2014

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