Por Joaquim de Carvalho
A foto oficial de Jair Bolsonaro com os brasileiros que o representaram na missão humanitária ao Líbano mostra a decadência ética do Brasil.
Na foto, além de Michel Temer, réu por corrupção, aparece Gito Chammas, descendente de libanês que já esteve envolvido em caso de lobby.
“Gito” Chammas, que herdou do pai uma grande empresa, a Moinho São Jorge, aparece do lado esquerdo de Bolsonaro (Temer está ao lado direita para quem vê a foto), que durante muito tempo foi a maior distribuidora e fabricante de farinha de trigo.
Mas seus negócios nunca se limitaram ao trigo.
Em 1992, durante o escândalo que levou à cassação de Fernando Collor, ele apareceu como protagonista de um caso nebuloso que representava o outro lado da moeda do que ficou conhecido como Caso PC Farias.
Jorge “Gito” Chammas convenceu Pedro Collor a mobilizar o governo do irmão para tentar trazer dos Estados Unidos uma representação da Chrysler.
Ficou claro que não era só PC Farias que agia como lobista nos bastidores do governo. Pedro Collor também, mas, até onde se sabe, o tesoureiro de Collor foi bem sucedido na centralização dos negócios, com uma atuação que ia muito além da simples intermediação.
Já o irmão, Pedro Collor, não teve o mesmo êxito, mas é indiscutível que transitou pelo mercado do lobby. Afinal, não dá para acreditar que foi pela pela cor dos olhos de Chammas que ele chegou a pedir ao cunhado Marcos Coimbra, diplomata bem-sucedido e ministro de Fernando Collor, que o orientasse sobre como usar o Itamaraty para ter acesso à direção da Chrysler.
Alguns meses depois, Ulysses Guimarães, o maior líder da Câmara dos Deputados, morreu quando um helicóptero da família, emprestado a ele, caiu na baía de Angra dos Reis. Convenhamos: emprestar helicóptero a político também não é uma atitude que se tome apenas pela cor dos olhos.
É demonstração de força, prestígio, é o óleo que lubrifica a engrenagem do poder, engrenagem que Temer e Bolsonaro conhecem bem.
Chammas também teria aparecido na relação de milionários que usavam contas CC5 do Banestado para operações que nunca foram plenamente esclarecidas.
Como se sabe, as contas CC5 eram o ralo por onde sonegadores, corruptos, traficantes (de armas e drogas) fazia escoar sua fortuna para paraísos fiscais.
Chammas também apareceu no noticiário sobre a articulação para o golpe contra Dilma Rousseff.
Em dezembro de 2015, ele organizou em sua casa almoço para aproximar Temer e o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na época o tucano menos entusiasmado com o golpe, já que este tinha seu próprio projeto eleitoral.
Hoje, ao embarcar um réu por corrupção, e o lobista milionário para o Líbano, Bolsonaro mostra sua verdadeira face, o homem que enriqueceu na política, sem que sua renda declarada justifique seu patrimônio.
Fabrício Queiroz não um ponto fora da curva na biografia de Bolsonaro. É parte essencial dele. Pode ser agora que, como presidente, esteja trocando operadores, com a ajuda do Centrão e com o avião da FAB para acomodar seus novos amigos.
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Atualização: a reportagem não confirmou a presença de Naji Najas na comitiva e, em razão disso, o texto foi alterado.