“Não fomos avisados”, diz Gleisi sobre operação no Rio

Atualizado em 29 de outubro de 2025 às 18:00
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, afirmou que o aviso do setor de inteligência da Polícia Militar do Rio de Janeiro à Polícia Federal (PF) sobre a operação nos complexos do Alemão e da Penha não configurou um pedido formal de ajuda ao governo federal. Segundo ela, a comunicação foi pontual e de caráter técnico, sem envolver coordenação entre os dois níveis de governo.

“Depois soubemos que a PF do Rio foi informada da operação quando ela já ia ser realizada. Não foi pedido de ajuda institucional, do ponto de vista de governo ao governo federal”, declarou a ministra em entrevista à GloboNews.

Gleisi reforçou que o Palácio do Planalto não foi oficialmente informado sobre a operação, que resultou em 119 mortos, incluindo quatro policiais. “De fato, nós não fomos avisados. Não teve pedido de GLO nem de nenhuma ajuda por parte do governo do estado ao governo federal”, acrescentou.

A ministra respondeu após declarações do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, que confirmou a existência de um contato entre a inteligência da PM e a PF no Rio. Segundo ele, o pedido partiu de agentes da PM fluminense que consultaram a PF sobre uma possível colaboração na ação contra o Comando Vermelho (CV).

Ele afirmou que a corporação optou por não participar. “Houve um contato anterior para ver se haveria possibilidade de atuarmos em algum ponto. A partir da análise do planejamento operacional, nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse”, explicou.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Foto: Guito Moreto/O Globo

O dirigente da PF destacou ainda que a corporação não recebeu detalhes do planejamento e tampouco foi informada sobre a data de deflagração. “Foi um contato no nível operacional. Nossa equipe identificou que não teríamos atribuição legal para participar. A deflagração dessa operação não nos foi comunicada”, disse.

A confirmação do contato entre as corporações ampliou a disputa política entre o governo federal e o governador Cláudio Castro (PL). O governador havia acusado o Planalto de “omissão” e de negar apoio logístico e empréstimo de blindados em pedidos anteriores.

O governo federal rebateu, afirmando que tais solicitações só poderiam ser atendidas mediante decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que não foi solicitado pelo estado.

Em entrevista, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a comunicação entre as forças deveria ocorrer em nível hierárquico mais alto, e não entre servidores intermediários. “Uma operação desse porte não pode ser acordada por segundo ou terceiro escalão. Se exigisse interferência federal, o presidente da República ou o ministro da Justiça deveriam ter sido avisados”, declarou.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.