Não haverá o ‘Bolsonaro light’ com que sonham marqueteiros. Por Fernando Brito

Atualizado em 18 de julho de 2022 às 12:35
Não haverá o ‘Bolsonaro light’ com que sonham marqueteiros
Atual presidente da República Jair Bolsonaro,, que também irá tentar reeleição este ano
Foto: Shutterstock

Por Fernando Brito

A manchete de O Globo, dizendo que “o núcleo político da campanha do presidente da República à reeleição planeja apresentar um Bolsonaro light na convenção do PL” que formalizará sua candidatura à reeleição, antecipa ou que será uma impossibilidade, tão óbvia que até o atual presidente a percebe, pois significaria cometer o maior erro possível no marketing: o de tentar “vender” ou candidato por algo diferente do que é e do que levou a possuir uma parcela expressiva do “mercado” eleitoral.

O roteiro eleitoral de Bolsonaro não foi, não é e nem será o da moderação, porque a adesão à ideia insana que ele tem do poder depende da radicalização feroz, da identificação expressa dos “inimigos” que, na lógica primária de seus adeptos, o impediriam de ser o grande governante que não é.

E, a partir daí, na produção de um ódio que galvanize nele este combate.

É claro que ele conta com “caravanas” preparadas por denominações evangélicas para inflar de gente o Maracanãzinho, mas não é o mesmo das “Marchas para Jesus”.

Nelas, o caráter religioso serve para dar cobertura à mobilização e, desta vez, o caráter político-eleitoral estará desnudo e isso é um complicador, porque leva a divisão para dentro delas. Pode parecer irrelevante, mas inverte-se a ordem: não é Bolsonaro indo louvar, é a louvação a Bolsonaro.

Depois, se Bolsonaro “migrou” para o PTB a sua “ala miliciana”, isso não quer dizer que ela não estará lá. Na época da ditadura, o próprio general Geisel reclamava dos “bolsões revolucionários radicais, porém sinceros”. Os que portavam as faixas pedindo “intervenção militar” ou o “fechamento do STF” estarão lá à espera de um discurso que corresponda ao seu estado de excitação mental.

Lembremo-nos que foi um estado assim que levou à tragédia de Foz do Iguaçu que há milhares, muitos milhares, de alucinados que encaram a eleição como uma guerra física e de eliminação.

Por mais que possa atenuar as ameaças golpistas sobre as eleições e as promessas de tomada de controle total sobre o Judiciário, não poderá servir as doses de autoritarismo que esta gente espera.

Não poderá, portanto, ser o “Bolsonaro light”, o Jair Paz e Amor com que sonham seus marqueteiros, porque guerra e ódio são os combustíveis de suas proeminência politica.

(Texto originalmente publicado em TIJOLAÇO)

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