Não pergunte por quem o Papa reza sozinho: ele reza por você. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 27 de março de 2020 às 16:21
O Papa sozinho na Praça São Pedro

A imagem da Praça São Pedro vazia durante uma bênção do Papa Francisco ganhou o mundo.

Na tarde desta sexta-feira (27), ele concedeu a “Urbi et Orbi”, uma consagração dada apenas na Páscoa, no Natal e na ocasião da escolha de um novo líder da Igreja Católica.

Em função do coronavírus, não havia público presente e a bênção foi transmitida pela internet e pela TV.

Francisco destacou o exemplo de pessoas que doaram a própria vida contra a doença.

“Médicos, enfermeiros, funcionários de supermercados, pessoal da limpeza, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho”, disse.

“Deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo, desça sobre vocês, como um abraço consolador, a bênção de Deus”.

“Ninguém se salva sozinho”. É isso.

Segundo Bolsonaro e sua corja, o Brasil não pode parar.

O Papa está errado, portanto. Certos estão eles.

O cenário torna a mensagem papal ainda mais poderosa e o protagonista ainda mais gigantesco.

John Donne escreveu no século 16 os versos sobre a humanidade que Hemingway popularizaria:

Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.