“Não podemos permitir que a ditadura retorne”, diz ministra do STM em ato por Vladimir Herzog

Atualizado em 26 de outubro de 2025 às 6:15
Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, ministra do STM, antes de ato pelos 50 anos da morte de Vladimir Herzog Imagem: 25.out.25 – Pedro Lopes/UOL

A ministra do Supremo Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, afirmou neste sábado (25) que o Brasil não pode permitir o retorno da ditadura e que o autoritarismo “ainda assombra o país”. A declaração foi feita durante o ato inter-religioso em homenagem aos 50 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, realizado na Catedral da Sé, em São Paulo.

“Estamos aqui, todas as gerações, para honrar a memória de Vladimir Herzog, que lutou pela liberdade no Brasil. Significa que não podemos permitir que a ditadura retorne. Temos que lutar por um Estado Democrático de Direito incessantemente, porque, lamentavelmente, o autoritarismo nos assombra mesmo em tempos em que imaginávamos consolidada a democracia”, disse a ministra.

Maria Elizabeth Rocha é a primeira mulher a presidir o STM, cargo que ocupa desde março deste ano. Única mulher entre os 15 ministros da corte, ela ficou conhecida por ter votado pela manutenção da prisão dos militares envolvidos na morte do músico Evaldo dos Santos Rosa, alvejado com 80 tiros no Rio de Janeiro em 2019.

O ato na Sé foi organizado pelo Instituto Vladimir Herzog e pela Comissão Arns, reunindo autoridades, religiosos e familiares do jornalista. A cerimônia foi conduzida por Dom Odilo Scherer, o rabino Uri Lam e a pastora Anita Wright, filha do reverendo Jaime Wright, que celebrou a missa histórica de 1975 ao lado de Dom Paulo Evaristo Arns e Henry Sobel, em protesto contra o assassinato de Herzog.

Ato reúne centenas de pessoas nos 50 anos da morte de Vlado — Foto: Reprodução

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também participou do evento e comentou, em entrevista a jornalistas, sobre a expectativa para o encontro entre os presidentes Lula e Donald Trump, previsto para a próxima semana na Malásia. “Presidente Lula disse que não há tema proibido com Trump”, afirmou Alckmin.

O assassinato de Vladimir Herzog nas dependências do DOI-CODI em 1975, forjado como suicídio pelo regime militar, tornou-se símbolo da resistência democrática no Brasil. O ato ecumênico deste sábado reafirmou o compromisso das instituições com a memória, a verdade e a defesa da democracia.