Não sabem que não sabem. Por Moisés Mendes

Atualizado em 1 de janeiro de 2020 às 17:24
Castelo Branco e os militares

Publicado originalmente no blog do autor

O DataFolha e suas pesquisas que nos põem a pensar. Cresceu de 13%, de outubro do ano passado, para 22% agora a parcela da população para quem tanto faz se o governo é uma democracia ou uma ditadura.

E ao mesmo tempo caiu de 69% para 62% o índice dos que consideram que a democracia será sempre a melhor forma de governo.

Mas há um detalhe: 65% do total dos pesquisados não sabem, porque nunca ouviram falar, o que significa AI-5.

A conclusão é assustadora para a democracia e para as esquerdas: muitas pessoas admitem a ditadura, mesmo que dois terços não saibam direito do que se trata.

Se alguém não sabe o que foi o AI-5 (mesmo que sem detalhes, mas na sua essência), não há como saber o que significa a perda da democracia.

Podem dizer que esses que não sabem são em maioria os jovens e certamente são. O que talvez explique muito da nossa situação em relação aos países vizinhos.

É aí que se manifesta a questão posta por Noam Chomsky: a maioria das pessoas reflete sobre o que não sabe, porque não sabe que não sabe.

Tudo isso por desinformação geral (desde o déficit de educação), desencanto, resignação e finalmente entrega, por consequência, à manipulação.

Os déspotas sabem disso, inclusive os eleitos.