“Não são presidiários”, diz diretor-geral da PF sobre deportados dos EUA

Atualizado em 27 de janeiro de 2025 às 23:50
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, no Roda Viva, falando e gesticulando, sério
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, no Roda Viva – Reprodução/TV Cultura

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, destacou nesta segunda-feira (27) que o tratamento dispensado aos brasileiros deportados dos Estados Unidos envolve três pilares fundamentais: dignidade, soberania nacional e segurança. A declaração foi feita durante uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

No último final de semana, um voo com brasileiros deportados pelo governo dos EUA chegou ao Brasil. A forma como os repatriados foram tratados gerou polêmica, principalmente pelo fato de estarem algemados ao desembarcarem, o que provocou reação imediata do governo brasileiro.

Segundo Andrei, é inaceitável que os deportados sejam tratados como presidiários: “O caso tem, fundamentalmente, três eixos que a gente precisa avaliar. Em primeiro lugar, é a dignidade daquelas pessoas, dos cidadãos brasileiros, que não são presidiários, que estavam chegando ao nosso país repatriados dos Estados Unidos”.

“O segundo ponto é a soberania nacional, para que apliquemos aqui no nosso país as nossas regras sobre o nosso comando das instituições com competência para tanto. Em terceiro lugar, a segurança do voo, a segurança das pessoas do sítio aeroportuário”, completou.

O diretor-geral também pontuou que o uso de algemas quebra acordos internacionais e representa um desrespeito às regras brasileiras. “A grande diferença é que nenhum momento [em deportações anteriores] houve essa exposição, essa falta de atenção e cuidado com brasileiros que chegaram. Cada país tem suas definições e regras, nós temos análise de risco para caso a caso”, seguiu.

“Tem necessidade de fazer contenção por algemas por pessoas? Há soberania do piloto para determinar algemas para ter voo tranquilo. O grande foco é segurança do voo. Não há justificativa para quem não oferece risco estar algemada”.

O episódio levou o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) a convocar Gabriel Escobar, encarregado de negócios dos EUA no Brasil, para prestar esclarecimentos. Em nota oficial, o Itamaraty reiterou que os acordos bilaterais exigem o tratamento digno dos deportados, permitindo o uso de algemas apenas quando estritamente necessário, e nunca durante o desembarque em solo brasileiro.

“O uso indiscriminado de algemas e correntes viola os termos de acordo com os EUA, que prevê o tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados”, afirmou o Itamaraty.

Outro ponto que chamou atenção foi a alteração da rota do voo fretado pelos EUA. A aeronave, que inicialmente seguiria para Belo Horizonte, precisou ser desviada para Manaus devido a uma pane no sistema de ar-condicionado. Diante das condições adversas, o governo brasileiro optou por não autorizar a continuidade do voo. Os deportados foram então transferidos para Belo Horizonte em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB).

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
?Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line