Não se contentem com a prisão de Sarneyzinho. Por Moisés Mendes

Atualizado em 17 de dezembro de 2022 às 7:50
Momento da prisão de “Sarneyzinho do Maranhão” – Foto: Reprodução

A Polícia Federal prendeu Sarneyzinho do Maranhão (foto), que nem no Maranhão sabem direito quem é. Sarneyzinho se chama Antonio José Santos Saraiva e era ligado ao PSDB, do qual foi expulso.

Mas o preso não é nada. É do quinto time de fascistas do Estado, da mesma turma que ameaça ministros do Supremo, prometem impedir a posse de Lula e, se possível, até matá-lo.

Sarneyzinho é um chinelão entre tantos patriotas que merecem ser presos. Depois dele, muitos outros irão parar na cadeia.

É o que deve ser feito, mas não é tudo. A prisão da chinelagem do bolsonarismo é o possível e o necessário hoje, como medida de contenção.

Mas não basta. Em algum momento, será preciso pegar gente do primeiro time do fascismo. É o que terá de acontecer mais adiante, sob pena de só os manés serem presos.

Pegar os grandões só será possível quando Ministério Público e Judiciário se derem conta de que é possível seguir em frente, e que a tarefa é de todos, e não só de Alexandre de Moraes.

Pegar os grandões significa testar a capacidade de reação de um sistema de Justiça que se encolheu diante dos desmandos dos justiceiros do lavajatismo e depois se apequenou ainda mais diante da chegada do fascismo ao poder.

Já estão pegando manés, pegaram Sarneyzinho e pegaram bandidos com fuzis em Santa Catarina, mas ainda terão de pegar os grandões. Ainda não dá pra pegar todos.

Os fascistões, os articuladores e ativistas que estão muito acima dos simples financiadores de acampamentos, do pagamento de banheiros químicos e do churrasco e da cerveja nas aglomerações na frente dos quartéis, esses continuam impunes.

Os fascistões serão pegos nas últimas etapas do cerco aos articuladores do golpe. Deverão ser presos, e não só processados.

Deverão ser encarcerados, como foram para o cárcere os fascistas alemães que também tramavam golpes.

Não há como tergiversar e apenas investigar e abrir demorados processos contra os grandes fascistas. Alguns deles, tão ameaçadores quanto Sarneyzinho, terão de ser enjaulados.

Porque assim funciona a Justiça em situações urgentes e extremas. Conter os fascistas é muito mais do que criar a expectativa de quem um dia venham a ser condenados.

É preciso contê-los. O Brasil espera a prisão dos fascistões como obrigação do sistema de Justiça em defesa da democracia.

O país somente terá a sensação e a certeza de que caminha para a normalidade quando os que ameaçaram com o golpe estiverem na cadeia.

Não há como tentar acalmar o país sem a prisão dos líderes das tentativas de golpe.

Não se contentem com os Sarneyzinhos. Não tentem convencer o Brasil de que tudo estará resolvido com a prisão de patriotas sem grife.

Peguem o fascistão, o sujeito com poder econômico. Peguem um, dois ou mais fascistões. E eles não são apenas os que estiveram no entorno de Bolsonaro em Brasília nesses quatro anos.

Os fascistões que incitaram caminhoneiros e manés para o golpe são também grandes empresários que agiram descaradamente contra a eleição, contra o Supremo, contra a Constituição e contra a posse de Lula.

Peguem os fascistões, quando for possível pegá-los, mas peguem.

Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes 

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