“Não se pode chamar a população de idiota”, diz Edgard Scandurra

Atualizado em 15 de maio de 2019 às 21:40
Edgard Scandurra (Foto: Mauro Donato)

Naqueles dias em que para se movimentar de uma ponta a outra da manifestação é preciso pegar uma rua paralela, tamanha a concentração de pessoas, a percepção geral era que este 15M foi o dia que marca o fim do bolsonarismo.

É o que disseram as pessoas que conversaram com o DCM.

Janaína dos Santos Silva faz parte da primeira geração de sua família que chegou à universidade. Ela tem 19 anos e cursa Psicologia na USP.

Janaína dos Santos Silva (Foto: Mauro Donato)

Por que está aqui hoje?

“Acho que hoje é o primeiro passo para o fim do governo Bolsonaro. Estou aqui lutando por dias melhores.”

Hoje pela manhã o presidente chamou os manifestantes de ‘imbecis que não sabem quanto é 7 X 8’

“Bom, eu estou aqui pela educação e passei no vestibular então sei quanto é 7 X 8 porque uma prova para entrar na USP não é nada fácil. Todo mundo que está aqui hoje sabe isso e muito mais.”

Na sua opinião, qual a real intenção dos cortes?

“A entrada de pessoas de baixa renda, negros e pobres, causou um choque. Então os cortes são para nos afastar do acesso à faculdade e também porque eles não querem apostar na Educação. Não querem um país desenvolvido. Eu consegui estudar em boas escolas graças a uma bolsa.”

Que tipo de bolsa?

“Uma que foi dada pela empresa que meu pai trabalhava. Mas acho que hoje muita gente que está em escola particular talvez esteja precisando ir para a pública e todos estamos lutando juntos.”

Você está empregada?

Não.

Outro presente na manifestação era o guitarrista Edgard Scandurra, que tem especial apreço pelos estudantes. Ele tem um projeto musical infantil chamado Pequeno Cidadão.

Está aqui hoje por quê?

“Hoje é uma manifestação maravilhosa, contra os cortes na Educação, contra essa nova Previdência, contra todos os desmandos desse governo que veio para acabar com todos os direitos da cidadania. Então hoje pode ser o começo de uma transformação social.”

Você acredita que seja o início do fim?

“Espero que sim porque mexe com estudantes e estudantes para mim são algo especial, não só universitários, mas secundaristas e eu boto muita fé nessa molecada. Eles podem mobilizar os pais e bolsominions arrependidos.”

O que achou das declarações do presidente hoje em Dallas?

“É muito triste um cara desse ser presidente do Brasil. Zero estadista, zero equilíbrio. Não se pode chamar a população de idiota, mesmo que esteja falando da oposição, ele é presidente de todos… quer dizer, deusmelivre, meu não.”

A Educação nunca foi prioridade e dessa vez está ainda mais escancarado que o objetivo é exatamente o oposto: destruí-la. Acabar com a Educação pública. Tanto que foi a primeira vez que se assumiu isso publicamente. Um governo repleto de despreparados que se traem pela língua e deixam escapar as verdades.

Vélez admitiu crer que universidade não é para todos. Isso sempre esteve subentendido, conversado apenas nos bastidores, mas o então ministro deu a declaração aos microfones.

E essa “filosofia” vale para a educação como um todo. É um projeto absolutamente excludente que tem por finalidade manter uma imensa massa na ignorância, transformada em mão de obra barata.

Manifestantes na Paulista (Foto: Mauro Donato)

Mas essa massa mostrou hoje a Bolsonaro que ele cutucou o vespeiro.

Luto pela Educação (Foto: Mauro Donato)