“Não serei preso”: Gonet relembra fala golpista de Bolsonaro em julgamento

Atualizado em 2 de setembro de 2025 às 13:59
Paulo Gonet durante o julgamento da trama golpista. Foto: reprodução

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, responsável pela acusação na trama golpista, detalhou nesta terça-feira (2) durante o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) falas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que atacaram as instituições democráticas e ministros da corte. Ele pediu a condenação de Bolsonaro e outros sete réus.

Gonet revisitou os discursos de Bolsonaro durante as comemorações de 7 de setembro de 2021, quando o ex-mandatário discursou para milhares de apoiadores na Avenida Paulista. Segundo o procurador, “aproveitando do prestígio da data cívica, o então presidente tornou a insuflar a militância contra os ministros do STF e do TSE. Em mais de uma etapa do plano da subversão da ordem constitucional. Em seu pronunciamento da Avenida Paulista, de novo atacou o sistema eletrônico de votação, qualificando como farsa”.

Na ocasião, Bolsonaro criticou o Tribunal Superior Eleitoral e ministros do STF com frases como: “Não poderia participar de uma farsa dessa patrocinada pelo TSE”, e “só saio preso, morto ou com vitória, quero dizer aos canalhas que não serei preso”.

Para a PGR, essas declarações não devem ser interpretadas como incidentes isolados, mas como parte de um projeto autoritário do ex-presidente.

“O presidente incitava desabridamente a animosidade contra o poder Judiciário e seus integrantes. A escalada verbal foi acompanhada por manifestações organizadas, que apareciam faixas com pedido de intervenção militar. Foi nesse contexto que Bolsonaro tornou pública, no dia da pátria, a sua recusa, em aceitar uma alternância democrática de poder”, acrescentou Gonet, reforçando a gravidade das ações de Bolsonaro na época.

A sessão também trouxe posicionamentos de Alexandre de Moraes, relator do caso, que afirmou: “Corte não aceitará coações”, em referência a pressões externas, incluindo do governo estadunidense, de Donald Trump. Em outro recado, o ministro reforçou que “soberania jamais será negociada” e destacou ainda que “omissão e covardia não são opções à pacificação”, reforçando a postura firme do STF diante das tentativas de intimidação e ataques verbais de Bolsonaro.

Por fim, Gonet ressaltou que as críticas de Bolsonaro ao sistema de votação foram baseadas em premissas viciadas e descontextualizadas, sem provas reais. “Sempre desfeitas pela Justiça Eleitoral de modo nunca contestado na sua exatidão técnica”, afirmou o procurador, reafirmando que a narrativa de fraude eleitoral não possui sustentação jurídica.

Acompanhe o julgamento de Bolsonaro e outros 7 réus golpistas com o DCM: 

 

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.