
A defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou nesta terça-feira (2), durante sustentação oral na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que o tenente-coronel solicitou baixa do Exército alegando problemas psicológicos.
Durante a sustentação, o advogado Jair Alves Pereira ressaltou que, em razão do acordo de delação premiada, Cid “perdeu tudo”. “Não é exigível que se pretenda que um colaborador que se expõe do que se expôs Mauro Cid, que literalmente perdeu a carreira, tudo. Se afastou da família, amigos e de uma carreira militar que era seu sonho”, afirmou o jurista.
O advogado destacou que, diante do desgaste do processo sobre a suposta trama golpista, Cid optou por deixar a carreira militar. “Se ele dá sustentação e dinâmica dos fatos, e dá, por que ele não teria os benefícios que ele ajustou? Não seria justo que o Estado, agora, depois de fazer tudo isso, depois de ele estar com cautelar diversa da prisão por mais de dois anos, afastado de suas funções. Inclusive, agora, pediu baixa do Exército, porque não tem mais condições psicológicas de continuar como militar”, disse Pereira.
A defesa também apontou contradições nas oitivas de Cid à Polícia Federal (PF), justificando que eventuais falhas não comprometem a delação.
“Não é exigido que se pretenda que um colaborador, como Mauro Cid — que se expôs, perdendo a carreira, que se afastou da família, dos amigos — consiga trazer detalhes de forma que a investigação acabe em uma contradição. Não posso exigir, pelo abalo psicológico, por tudo que sofreu, pela pressão de ser procurado, pela mudança de advogado, pela mudança de tese. Isso é algo que a natureza do ser humano autoriza, que algumas vezes ele possa dar alguma escorregada. [Mas] Nada, nada, jamais sem comprometer o acordo de delação”, afirmou.
O julgamento da ação penal sobre a suposta trama golpista atribuída a Jair Bolsonaro e outros sete réus do chamado núcleo 1 foi retomado na tarde desta terça-feira pela Primeira Turma do STF. Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, o grupo teria tentado anular as eleições de 2022 para manter Bolsonaro no poder.