“Não teve confronto e eu quero provar”, diz mãe de jovem morto pela PM em SP

Atualizado em 10 de dezembro de 2024 às 21:11
auxiliar de limpeza Rosemeire Aparecida Fidelis na rua, à noite, correndo
A auxiliar de limpeza Rosemeire Aparecida Fidelis durante ação policial – Reprodução

Rosemeire Aparecida Fidelis dos Santos, 45, mãe de Vinicius Fidelis dos Santos de Brito, 24, morto em uma operação da Polícia Militar em São Vicente, na Baixada Santista, questiona a versão oficial sobre a morte de seu filho. “Não teve confronto, pegaram meu filho na traição. Ele era usuário de K2, mas ele não era bandido. Eles mataram meu filho e eu quero provar isso”, declarou a auxiliar de limpeza à Folha de S.Paulo.

A morte do jovem ocorreu no último domingo (8), por volta das 21h30, na viela 5 da comunidade Dique do Sambaiatuba. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo, as circunstâncias do caso estão sendo investigadas.

De acordo com o boletim de ocorrência, policiais militares realizavam uma operação na comunidade quando encontraram cinco homens na entrada da viela, sendo que três estariam armados e teriam atirado contra os agentes. Os policiais revidaram, utilizando pistolas e fuzis, e os suspeitos fugiram.

Durante a perseguição, uma sacola contendo lança-perfume, maconha, crack, um rádio transmissor e uma arma falsa foi encontrada. Ainda segundo a polícia, Vinicius teria se escondido em uma residência após trocar tiros com os agentes e foi atingido durante o confronto.

A versão da família

Rosemeire refuta a narrativa apresentada pela polícia. De acordo com ela, Vinicius não estava armado e foi executado dentro de um barraco próximo à sua casa: “A polícia pegou ele na esquina da minha casa e deu um tiro no braço dele. Ele saiu correndo e foi se abrigar na casa de uma vizinha, no barraco, na frente de casa. Colocaram a dona da casa para fora e mataram meu filho dentro do barraco”.

“Meu filho não estava armado. Ele não tem arma. Eles mentem. A gente vive um inferno aqui. Esse negócio de matar gente no barraco, isso daí eles já estão acostumados a fazer”, completou a auxiliar de limpeza.

A mãe também acusa os policiais de abuso e humilhação durante a ação: “Eles ficavam fazendo chacota. Entravam vários grupos de policiais para verem meu filho lá dentro. Eu gritava e eles falavam ‘cala a boca, vagabunda’. Mostravam a arma para mim, tiravam sarro. Falavam ‘alguém dá água com açúcar que ela está nervosa”.

Um vídeo gravado por um morador da comunidade registra o desespero de Rosemeire, que implorava para entrar na casa enquanto disparos eram ouvidos. “Pelo amor de Deus deixa eu entrar, caramba. Sou a mãe dele. O que que é isso, vocês estão matando meu filho, gente”, gritou ela. O vídeo foi enviado à SSP para análise.

Investigação em curso

A Polícia Civil informou que todas as circunstâncias do caso estão sendo apuradas. As armas utilizadas pelos policiais foram recolhidas para perícia, e a SSP afirmou que as imagens enviadas pela reportagem serão avaliadas.

De acordo com Rosemeire, o atendimento médico demorou mais de 40 minutos para chegar. Vinicius foi levado ao pronto-socorro, mas não resistiu aos ferimentos. Seu corpo será enterrado nesta quarta-feira (11).

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Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.