“Não vislumbro no presidente traço de autoritarismo”: Moro é o novo Magno Malta de Bolsonaro. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 3 de dezembro de 2018 às 15:12
Bolsonaro e Moro

Não será fácil para Sergio Moro, futuro ministro da Justiça, atribuir a inclinação despótica de Bolsonaro a seu destempero a cada situação em que o cidadão sair da casinha.

Em Madri, onde participou de um seminário com Vargas Llosa, Moro defendeu o chefe e se propôs a “esclarecer equívocos” relacionados à imagem dele no exterior.

“Não vislumbro no presidente traço de autoritarismo”, falou.

“O próprio reiteradamente afirmou seu compromisso com a democracia e com o Estado de Direito. Era o principal candidato opositor [Haddad] que, a rigor, tinha propostas de controle social da imprensa e do Judiciário.”

Segundo Moro, “as pessoas às vezes fazem declarações infelizes”.

Isso, no entanto, “não significa que elas se traduzirão em políticas públicas concretas e não há nada que indique que adotem políticas discriminatórias contra as minorias no Brasil”.

“Eu nunca aceitaria uma posição no governo se visse o menor risco de discriminação contra as minorias”.

É de se perguntar se haverá algum limite, para Moro, no que seu presidente pode falar ou fazer.

“Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre”, ameaçou em comício no dia 1º de setembro em Rio Branco.

Sua assessoria alegou que “foi uma brincadeira, como sempre”.

“Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria”, gritou o sujeito num vídeo comemorando o resultado do primeiro turno. “Essa pátria é nossa. Não é dessa gangue que tem uma bandeira vermelha e tem a cabeça lavada”.

Deve-se considerar que Bolsonaro fez uma piada ou cometeu estelionato eleitoral prometendo a milhões de eleitores o que, de acordo com Moro, não vai entregar?

Numa coisa ele está ficando terrivelmente bom: na arte de passar pano para Jair.

Magno Malta ficou sem sua boquinha, mas Moro o substituiu com maestria.

Malta implora por uma boquinha ao “irmão” Bolsonaro