
Dias antes de ser assassinado, o candidato à presidência do Equador, Fernando Villavicencio, afirmou que estava sendo ameaçado por Alias Fito. O homem, cujo nome verdadeiro é José Adolfo Macias Villamar, é o líder de um grupo criminoso conhecido como Los Choneros e está detido desde 2012, com uma sentença de 34 anos de prisão por crimes como homicídio e tráfico de drogas.
De acordo com a imprensa local, o cartel já estava sendo investigado pela Procuradoria Geral do Estado. As retaliações ao político teriam começado quando ele manifestou repúdio a grupos criminosos. De acordo com um relato feito pelo presidenciável, todos os seus passos estavam sendo monitorados e ele recebia ligações telefônicas intimidadoras.
O candidato, que afirmou ter decidido continuar sua campanha eleitoral mesmo após ser ameaçado, tinha 59 anos e foi morto com três tiros. O crime aconteceu por volta das 18h (horário local) desta quarta-feira (9), enquanto ele encerrava um compromisso na capital do país, Quito.
?? Dias antes de ser assassinado, o candidato à presidência do Equador que acaba de ser assassinado, Fernando Villavicencio, denunciou que estava recebendo ameaças de Alias Fito, líder do cartel Los Choneros. pic.twitter.com/GzgTICZG4f
— Eixo Político (@eixopolitico) August 10, 2023
O membro do Movimento Construye chegou a ser encaminhado para a Clínica da Mulher, hospital mais próximo do Colégio Anderson, onde tudo aconteceu, mas não resistiu aos ferimentos na cabeça e morreu no centro de saúde.
Villavicencio era um dos oito candidatos das eleições presidenciais, que acontecerão no próximo dia 20. Atualmente, o país enfrenta um aumento da violência relacionada ao tráfico de drogas.
A polícia equatoriana ainda tenta localizar os responsáveis pelo ataque e as ruas ao redor do colégio foram fechadas. Oficialmente, não se sabe quantas pessoas ficaram feridas, mas o Jornal Universo informou que fontes próximas à equipe do político já contam oito feridos. Sete estão internados na mesma clínica para onde ele foi levado.
Indignado y consternado por el asesinato del candidato presidencial Fernando Villavicencio. Mi solidaridad y mis condolencias con su esposa y sus hijas. Por su memoria y por su lucha, les aseguro que este crimen no va a quedar impune.
El Gabinete de Seguridad se reunirá en…
— Guillermo Lasso (@LassoGuillermo) August 10, 2023
O presidente do Equador, Guillermo Lasso, confirmou a morte de Fernando Villavicencio em suas redes sociais e se definiu “indignado e chocado”. “Minha solidariedade e minhas condolências a sua esposa e filhas. Por sua memória e sua luta, asseguro que este crime não vai ficar impune”, escreveu o chefe do governo.
O político era um ex-sindicalista da empresa estatal de petróleo Petroecuador. Em sua atuação como jornalista, publicou denúncias sobre os maus negócios feitos pela companhia e depois se elegeu como deputado federal.
Villavicencio se declarava defensor das causas sociais indígenas e dos trabalhadores, se consolidando como adversário do ex-presidente Rafael Correa. Em 2014, chegou a ser condenado a 18 meses de prisão sob a acusação de ter cometido crime de injúria contra o rival.
Ele afirmava que Correa havia ordenado que o hospital da polícia fosse invadido por homens armados em uma época em que acontecia uma rebelião de policiais e foi para o Peru como exilado político.
Fernando Villavicencio deixa a esposa, Verónica Sarauz, e cinco filhos.