Navios de cruzeiro, como o de Neymar, são o inferno para os trabalhadores

Atualizado em 31 de dezembro de 2023 às 11:27
Neymar anuncia seu cruzeiro: “Ney em alto mar”. Reprodução

Um leitor do DCM, que prefere manter seu anonimato, esteve no cruzeiro promovido pelo jogador Neymar, no navio MSC Preziosa, e contou com exclusividade como são as condições de trabalho para os funcionários dessas embarcações. Acompanhe:

Navio de cruzeiro é o inferno para os trabalhadores. Pra começar, todo o serviço de hotelaria e entretenimento é feito por pessoas que não são consideradas como marítimos pelas empresas.

Na divisão de trabalho marítimo existem, tradicionalmente, quatro seções: convés, que são os que cuidam da carga e da navegação; máquinas, que são os que cuidam da parte mecânica e elétrica; comunicações, que cuidam da eletrônica e das comunicações via rádio; e câmara, que é responsável pela parte de hotelaria (cozinha, arrumação etc).

Nos navios de cruzeiro, já faz muito tempo, as empresas começaram a contratar pessoas que não têm a licença de marítimo (a CIR), alegando que não fazem trabalho de marítimo, mas de hotelaria. Mas, a bordo, esse serviço SEMPRE foi de marítimos.

Fazem isso porque, primeiro, as leis internacionais protegem (mal, mas protegem) o trabalhador marítimo. Segundo, porque os Acordos Coletivos no Brasil e na maioria dos países civilizados, dão ao marítimo muitos benefícios, como férias mais longas e salários acima da média considerando a formação e experiência equivalente.

Pelo que sei, os navios de cruzeiros são lindos para os passageiros, mas se alguém quiser ir às áreas reservadas aos trabalhadores, ou outras como depósitos e máquinas, se conseguir, desembarca no primeiro porto, porque falta manutenção, a sujeira é a regra e os “não-marítimos” são quase escravos nesses navios.

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