Negar remédios gratuitos é expor brasileiros à morte. Por Dilma Rousseff

Atualizado em 1 de abril de 2021 às 18:31
Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Por Dilma Rousseff

O programa “Aqui tem Farmácia Popular”, lançado no governo do ex-presidente Lula e ampliado no meu governo, chegou a fornecer medicamentos gratuitos a 30,4 milhões de brasileiros portadores de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e asma. Atende principalmente pessoas de baixa renda, que, de outra forma, não teriam condições de tomar os remédios de uso contínuo necessários à sua sobrevivência.

O programa começou a ser reduzido depois do golpe de 2016, no governo Temer, e está sendo levado à destruição por Bolsonaro. Já deixou de atender 10 milhões de pessoas. Desde o ano passado, mais 1,2 milhão de brasileiros perderam o direito à gratuidade dos medicamentos.

O desprezo pela vida define bem o governo Bolsonaro, na negação da pandemia, no repúdio às medidas de proteção e isolamento social, no atraso na aquisição de vacinas, no descaso em relação à compra e fornecimento de oxigênio, respiradores e analgésicos para intubação. Mas tudo o que é ruim pode ser ainda pior num governo como este.
É uma manifestação deliberada de crueldade a decisão de Bolsonaro de levar à virtual extinção o programa “Aqui Tem Farmácia Popular”, justamente quando o povo mais precisa, pois o país vive sob os efeitos de uma pandemia que está matando 22 brasileiros por segundo.

Com este desprezo pela vida, Bolsonaro está negando medicamentos gratuitos a brasileiros que têm algumas das comorbidades mais perigosas para quem for contaminado pelo coronavírus. Milhões de pessoas com doenças crônicas serão obrigadas a procurar UPAs e hospitais públicos, arriscando-se ao contágio por um vírus que, no caso deles, significa perigo altíssimo de morrer. Isto acrescenta mais um ato no rol de atitudes deste governo que podem caracterizar genocídio.