
As negociações climáticas da ONU avançaram para a metade do cronograma nesta sexta-feira (14), com os países analisando quais temas podem integrar um eventual acordo final da COP30, realizada em Belém. Paralelamente, representantes de povos indígenas organizaram um protesto pacífico na entrada da cúpula e solicitaram reunião direta com o presidente da conferência, André Corrêa do Lago.
O povo Munduruku divulgou declaração afirmando que a Amazônia não deve ser usada para projetos que favoreçam grandes empresas. O texto menciona que o território do grupo no Norte do Brasil possui cerca de 24.000 km². Em outro comunicado, líderes indígenas solicitaram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouça suas reivindicações durante o encontro climático.
A presidência brasileira da COP30 informou que pretende direcionar os debates à execução de acordos anteriores, em vez de lançar novos compromissos. Para evitar impasses sobre temas sensíveis, Corrêa do Lago decidiu, antes da abertura da cúpula, separar assuntos como financiamento climático, metas nacionais e comércio internacional para tratativas específicas.

Os negociadores de 195 países trabalham para consolidar pontos já pactuados, como métodos de medição e apoio às ações voltadas à adaptação climática. O objetivo é detalhar instrumentos técnicos para aumentar a capacidade de resposta aos efeitos do aquecimento global, incluindo eventos extremos e impactos sobre comunidades vulneráveis.
Alguns países, entre eles o Brasil, defendem uma declaração que avance a decisão tomada na COP28 sobre a “transição para longe dos combustíveis fósseis”. Como o tema não integra a agenda formal desta edição, a inclusão do assunto em uma decisão de capa é vista como alternativa para registrar consenso sobre a transição energética.
A possibilidade de um texto final ainda é incerta, mas representantes internacionais, como o ministro do Clima da Noruega, Andreas Bjelland Eriksen, afirmaram que a discussão pode entrar no documento principal caso haja acordo até o encerramento da conferência, previsto para 21 de novembro. Delegações também tratam da necessidade de manter coordenação global, mesmo após a saída dos Estados Unidos do processo.